63. Not this time

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A conferência em que Cosima estava, terminou encerrando cedo no domingo. Ainda pela manhã ela já estava livre pra voltar pra casa, mas resolveu aproveitar a oportunidade e ir visitar a Susan.

Como desde então a única coisa que Delphine havia falado com ela foi um "bom evento", a morena também poupou palavras e não avisou que estava indo. Seu único interesse era ver a Susan e não Delphine. Pelo menos era isso que ela dizia a si mesma.

Cosima levou aproximadamente duas horas pra chegar na estação de Estrasburgo e ainda pegou um pouco de trânsito no caminho até o hospital. Ela estava segurando uma pequena mala de mão porque havia passado dois dias fora e tentava se informar na recepção se Susan poderia receber visitas.

Quando a recepcionista disse que faltava quase uma hora pra o horário de visitas começar, ela perguntou onde ficava o restaurante e foi até lá comer alguma coisa.

De longe ela viu a mulher de cachos loiros levantando de uma mesa e ela até pensou em voltar pra recepção, mas Delphine já havia encontrado seu olhar.

-Droga! -Cosima pensou.

Delphine andou apressada até sua noiva e suas mãos até suaram de nervosismo. Ela tinha consciência do clima estranho em que ela mesma estava fazendo existir, mas sua cabeça andava tão cheia e o seu dia tão corrido que ela sempre pensava que poupar Cosima daquilo tudo fosse o melhor. Mas no fundo, ela tinha muito medo dos segredos que vinha guardando e ainda mais medo de contar oficialmente que estava indo trabalhar em Paris -mesmo sabendo que indiretamente seu pai já havia contado quando falou da reunião-.

-Cos! -a loira disse antes de abraçá-la e notou que ela não recebeu muito bem aquele gesto. -O que você tá fazendo aqui? Por que não me avisou que viria?

-Adiantaria de alguma coisa? Você nem fala mais comigo.

-Isso não é verdade, Cosima. Esse final de semana eu não pude nem dormir direito. Desde sexta que tô correndo contra o tempo.

-Eu entendo. Ainda mais com o emprego novo...

-Eu queria ter te contado isso pessoalmente, desculpa você ficar sabendo pelo meu pai. Ele me disse que você ligou.

-Enfim Delphine, eu não vim aqui pra ouvir desculpas suas, eu só quero ver a Susan. Pode continuar fazendo o que faz de melhor, que é me ignorar.

-Cos, não vamos brigar...

-Será que você não percebe que estamos brigadas há dias?

Delphine conferiu as horas no seu relógio de pulso e depois pra Cosima novamente.

-A gente pode conversar quando você chegar lá no quarto? Eu preciso trocar de lugar com o meu pai porque ele tem que trabalhar.

-Vai lá. -Cosima falou saindo de sua frente e dando passagem.

Delphine olhou pra sua noiva com o coração apertado, mas ela estava tão exausta que não tinha forças pra continuar discutindo ali em pé e na frente de todo mundo. Ela tocou Cosima nos ombros e teria deixado um beijo em seu rosto se ela não tivesse desviado.

A morena assistiu Delphine sumir pelo corredor que dava no elevador e depois foi acompanhada por um garçom até uma mesa.

Enquanto comia, ela pensava que não escaparia de outras conversas como aquela com Delphine. Naquela situação ela tinha até medo de terminar passando pano pra loira, não deveria estar sendo fácil aqueles dias de hospital, mas ao mesmo tempo ela não se esforçava nem um pouco em manter um mínimo de contato. Cosima se sentia totalmente inútil na vida de Delphine e de certa forma, descartável. Mais uma vez ela estava se afastando e nem sequer lhe contou ou pediu sua opinião.

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora