Reação Química (Cophine)

56. I already know

Durante as semanas seguintes, Delphine usou todo o tempo livre que lhe restava para ajudar Cosima em sua nova tese, enquanto a morena fazia seus testes no laboratório durante o dia, a francesa fazia em casa diversas pesquisas sobre o assunto para ajudá-la na parte teórica do texto, que diga-se de passagem, dá tanto trabalho quanto a prática.

Mas, suas férias também acabaram e ela precisou voltar a trabalhar e estudar no hospital, a reta final de sua residência estava sendo mais exaustiva do que ela imaginava e cada dia ficava mais complicado conseguir ajudar Cosima com a escrita. Mas ainda assim, ela sempre dava um jeito.

Depois de uma manhã inteira em cirurgias com seus professores que a avaliavam a cada segundo fazendo perguntas, Delphine se livrou das roupas do bloco, higienizou as mãos e foi em busca de seu celular para confirmar o almoço com Cosima. Poucos minutos depois, ela já estava estacionando na esquina de sua rua para buscá-la.

Delphine havia escolhido um restaurante chinês pra mudar um pouco o cardápio francês de sempre e elas pediram macarrão frito com um mix de carnes pra o almoço.

A pequena mesa que elas ocupavam, logo foi preenchida pelo enorme refratário de macarrão no centro, e enquanto elas se serviam, Delphine puxou assunto.

-Esses dias eu quase não consegui te ajudar, Cos. Mas prometo que vou tentar ter mais tempo assim que essas últimas semanas antes da formatura acabarem. Mas me diz, o que você vai fazer hoje no laboratório?

-Primeiro que você não precisa se desculpar por isso, Del. Mesmo não sendo sua obrigação você tá me ajudando muito e eu só tenho a agradecer. -Cosima deu uma pausa enquanto terminava de pôr seu macarrão no prato e depois continuou. -E sobre o laboratório, vou começar outra remessa de amostras hoje, mas não vamos falar sobre isso agora, queria falar de qualquer outra coisa que não seja trabalho, pelo menos nesses poucos minutos que temos juntas.

-Okay. Acho justo. -Delphine concorda. -Então... -ela diz parando seu olhar na mão com a aliança de noivado por algum tempo. -O que você acha da gente falar sobre o nosso casamento?

-Hmm. Como assim? Sobre o que você quer falar exatamente? -Cosima pergunta sem tirar seus olhos da comida.

-A gente ainda vai casar?

-Claro que sim. Eu... só não sei se tô com cabeça pra pensar nisso agora, entende?

-Entendo, mas não custa nada a gente decidir algumas coisas mais importantes.

-Del, eu não sei nem se eu vou terminar o mês com um emprego. Talvez eu volte pra Toronto sem nada, eu não posso te prometer casamento agora. Mas é claro que eu jamais retiraria meu pedido, eu quero muito que você seja a minha esposa, mas agora, nesse exato momento, vai ser um pouco difícil.

-Eu sei disso. E eu não tô te cobrando nada, é claro que eu entendo a situação. Mas, a gente precisa decidir alguma coisa, vamos passar esses dois anos sem planejar nada das nossas vidas?

-Delphine, você tá ignorando o que eu tô tentando te dizer, talvez amanhã eu não tenha nem emprego aqui mais, e se isso acontecer eu vou voltar pra casa da minha mãe, lá em Toronto.

-Isso não é necessário. Você pode ficar comigo, a gente dá um jeito.

-E você acha que eu quero ficar na França sendo sustentada por você? Isso não vai rolar, Delphine. Não mesmo.

-E qual o problema se eu te ajudar por algum tempo? Você faria o mesmo por mim. Pelo menos eu gostaria que fizesse...

-É claro que sim, amor. Eu faço qualquer coisa por você. Mas eu não posso aceitar que você me sustente.