74. Not anymore

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-PoV Cosima-

Depois que eu entendi que Delphine estava de alguma maneira ajudando Maya e sabia a verdade sobre a tal da Rachel sem nunca ter me contado nada, eu me recusei a continuar naquela delegacia. Todo dia eu me sentia culpada por cobrar tantas coisas de Delphine, por desconfiar dela... e até cheguei a me desculpar por isso, quando o que mais ela vem fazendo é mentir pra mim.

Mesmo odiando aquela francesa por esconder tanta coisa, o pior sentimento era o de estar com o coração partido por amá-la tanto. Eu tinha prometido pra mim mesma que Delphine jamais me faria sofrer de novo e agora eu tô aqui com o coração tão despedaçado quanto da primeira vez. Eu tento não me culpar também, mas é difícil, eu sinto que permiti e aceitei situações que eu não deveria ter aceitado. Quando ela me disse que dormiu na casa do pai eu acreditei sem questionar muito, mesmo conhecendo Delphine o suficiente pra saber que ela não teria estômago pra passar a noite na casa dele naquele momento. Ela não aguentou ficar com o pai dentro de um restaurante cheio de gente, imagina sozinha? Era óbvio que ali ela já estava tendo esses encontros com Maya e eu fui estúpida demais pra não perceber de verdade que havia algo errado.

Meu único desejo era conseguir ser mais racional quando o assunto é Delphine, mas eu simplesmente não consigo. Por mais que eu tenha tentado me conter, ainda assim, passei horas chorando, Kira e Charlotte perderam um dia inteiro de passeios pela França, minha mãe ficou cem por cento do tempo dela me consolando e Sarah estava assustadoramente sendo a pessoa mais tranquila da família. Em outros tempos, ela iria atrás de Delphine só pra xingar e bater nela, mas minha irmã apenas me pedia calma. Aquilo era tão estranho pra mim, que toda aquela tranquilidade já estava me irritando.

Quando anoiteceu, Sarah se ofereceu pra passar a noite na minha casa e eu aceitei sem pensar duas vezes. Chorar por Delphine dentro da casa dela, com tudo me lembrando ela, estava sendo uma tortura sem fim, então nossa mãe ficou com as crianças e nós duas fomos embora.

Sarah naquela noite foi até uma ótima companhia apesar da sua calma duvidosa. Ela não me fez perguntas, não tentou me acalmar, não citou o nome de Delphine e passou o resto da noite mexendo no celular e fazendo carinho no Loki.

O gatinho parecia que sabia tudo o que estava acontecendo e me olhava com os olhinhos tão tristes que era de partir o coração. Ou era isso, ou a minha energia estava tão pra baixo que até o meu gato sentiu. E é isso mesmo, meu gato. Não importa se a idiota da Maya deu pra Delphine, se depender de mim, ela nunca mais vê o Loki de novo.

Depois de não ter mais lágrimas pra chorar, acordei até um pouco melhor, Sarah continuou sem tocar no nome de Delphine e eu agradeci tanto por isso internamente, que ela não faz ideia. Ficamos falando sobre coisas aleatórias da Charlotte e da Kira e antes da gente sentar pra comer fui comprar pão na esquina da rua. Mas pra minha felicidade ou tristeza, esqueci a carteira em casa por não conseguir parar de pensar na dona dos cachos loiros.

Entrei em casa praticamente me escondendo, Sarah estava morta de fome e se ela me visse voltar sem os benditos pães, a discussão estaria feita. Peguei a carteira que estava em cima da minha cama e quando passei na frente da cozinha na ponta dos pés, escutei ela dizendo pra "Delphine não fazer nenhuma besteira". Na mesma hora meus olhos arregalaram e eu pensei em interromper aquela conversa sem nenhuma cerimônia, mas aí ela falou "que não aguentava mais esconder aquele segredo" e eu paralisei. Não era possível que duas pessoas que eu amo tanto pudessem ser tão falsas comigo daquele jeito.

-Até daqui a pouco, francesa. Tchau. -foi a última coisa que ouvi Sarah falar ao celular antes dela me ver parada na cozinha.

-Cos! -ela disse tão nervosa que suas mãos tremeram segurando um copo com água. -Você não tinha ido comprar pão?

Reação Química (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora