-PoV Delphine-
Meu primeiro dia no emprego novo estava sendo bem agradável, eu diria que até divertido. O bom de trabalhar com criança é que por breves momentos a gente esquece de todos os problemas só pra entrar na fantasia e na brincadeira delas.
Minha primeira paciente foi uma menina de quatro anos que precisava de uma frenectomia* simples pra cortar o freio lingual. No mesmo dia ela teria alta e como não tive muitos pacientes, passei boa parte da manhã com ela e com a mãe. O que foi ótimo, a garotinha parecia assustada com a cirurgia, mas antes do procedimento que só necessitava de uma anestesia local, ela já estava tranquila.
Depois dela, realizei mais dois procedimentos simples, acompanhei a recuperação dos três e no final do dia passei pra conversar e entregar as altas. Eu sentia falta de estar dentro de um hospital pra trabalhar, porque nas últimas semanas eu só estava como acompanhante e sem conseguir dormir de tanta preocupação.
Eu encerrei meu turno com um sorriso enorme no rosto e meu primeiro desejo foi ligar pra Cosima. A gente sempre conversa sobre tudo, sejam perdas ou conquistas, mas lembrei que nossa situação atual estava um pouco complicada e me senti insegura para procurá-la. Provavelmente, ela nem me atenderia.
Ouvir Cosima dizer que não iria me perdoar com facilidade dessa vez, me deixou com um aperto no peito quase o dia inteiro. Eu entendo perfeitamente o lado dela e me sinto péssima de estar sendo tão ausente. As coisas tomaram uma proporção que ninguém imaginava e eu acabei esquecendo que ela ainda está passando por um inferno ao ter que reiniciar todo o seu trabalho. Eu estou fazendo tudo o que eu posso pra reverter essa situação, mas ela ainda não sabe disso e mesmo sem querer, deixei transparecer que não me importava com ela.
Eu já havia pego minha bolsa pra sair da sala e ir embora do hospital, quando mudei completamente de ideia. Não dar atenção a Cosima e não contar as coisas pra ela foi o motivo da nossa discussão, agora pela primeira vez em muito tempo tinha acontecido algo que eu poderia contar sem precisar esconder nada, então resolvi tentar, se ela não me atendesse, ainda assim veria meu esforço e interesse em falar com ela.
Provavelmente, só foram alguns poucos toques antes dela atender, mas pra mim que estava num misto de ansiedade e nervosismo, parecia uma eternidade.
**ligação
Delphine: Oi, Cos.
Cosima: Oi. Aconteceu alguma coisa?
Sorri um pouco pesadamente com aquele questionamento e Cosima parecia meio confusa com minha reação.
Cosima: Por que você tá rindo?
Delphine: Pelo visto é tão raro eu ligar pra minha noiva que ela já acha que é notícia ruim.
Cosima: Desculpa. Essas coisas que vivem acontecendo com a gente também não ajudam. Acho que tô em alerta o tempo todo.
Delphine: Eu entendo. -disse deixando sair um sorriso mais descontraído.
Cosima: Mas, pra quê você ligou então?
Delphine: Porque eu sinto muito a sua falta e das nossas conversas também. Você tinha toda a razão, eu não tava me esforçando e eu não quero que a gente se distancie por besteira. Você é a minha melhor amiga, Cos. Eu preciso de você comigo, mesmo te poupando de tanta coisa por querer te proteger.
Cosima: Se a gente ficar sempre poupando a outra dos nossos próprios problemas, a gente nunca mais conversa, Del. Porque é o que a gente mais tá tendo agora... problemas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reação Química (Cophine)
Fanfiction[CONCLUÍDO] "Quando você precisa fazer escolhas difíceis, as coisas complicam. O que você consegue deixar para trás? Você já se perguntou se está pronto para as consequências de suas escolhas? Certo ou errado, você tem que decidir pelo que está disp...