Capítulo: 9

466 25 9
                                    

— E como foi todos esses anos fora? — perguntou, e me balancei levemente naquele balanço.

— Inesquecíveis — sorri, sem olhar pra ele. — Sem dúvidas, os melhores anos da minha vida.

— Devem ter sido mesmo — ouvi o pequeno estralo vindo de seu balanço, e era até engraçado um homem daquele tamanho, vestindo uma farda, se balançando em um balanço de parquinho.

— Imagino que os seus devem ter sido inesquecíveis também — encarei sua roupa, e levantei o olhar para seu rosto, que olhava para a Manuella brincando na areia, em nossa frente, onde ela não poderia sumir dessa vez sem vermos.

— Ô se foram — sorriu, agora me encarando. — Podemos dizer que, trabalhar junto com o Felipe e o Ruan se torna mais uma loucura.

— Com certeza é! — ri, e voltei meu olhar para minha filha, que fazia um castelinho de areia todo estranho.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, até eu perguntar uma coisa que estava me deixando extremamente curiosa.

— E você... Casou?

Ele tirou o olhar do céu, e me olhou, negando com a cabeça.

— Cheguei a namorar por quase um ano, mas não foi nada mais além — deu de ombros, e balancei a cabeça, entendendo.

Eu queria perguntar sobre outra coisa, mas aí eu seria muita cara de pau, então resolvi ficar quieta dessa vez.

— Você quer saber de mim e da sua irmã, né? — ouvi sua risada baixa, e arregalei os olhos, encarando ele novamente.

— Não, não, não — neguei rapidamente, mesmo sendo isso, e ele cerrou os olhos. — Bom, eu meio que já sei o que aconteceu...

— O quê? — se ajeitou no balanço, e fez careta, pelo barulho que fez. — O que ela te disse?

— Bom... Que vocês não deram certo — respondi o resumo do que ela me disse, óbvio que eu não iria dizer os detalhes da nossa ligação que durou cinco horas pra ela me contar sobre isso.

— Realmente não demos... — olhou para o chão, e ficou se balançando por alguns segundos. — Eu queria ter algo a mais no nosso lance, mas ela não queria, disse que queria focar mais nela, e não queria entrar em um relacionamento. Então conversamos, e decidimos nos afastar.

— Se arrepende? — perguntei, e ele não entendeu. — De vocês terem se afastado.

— No começo, sim. Mas, depois eu fiquei pensando que ficar convivendo sempre com uma pessoa que você gosta, mas ela não quer nada com você, seria bem estranho, e de alguma forma, ruim pra mim, sabe? Foi melhor para os dois — respondeu normalmente, como se isso não abalasse mais ele. — Mas já faz tantos anos, que agora eu vejo ela, e nem sinto mais as mesmas coisas de antes. Como se fôssemos duas pessoas desconhecidas.

— Isso foi bem... profundo — encostei a cabeça na corda do balanço, sem saber muito o que dizer, e ele riu, balançando a cabeça.

— É foda — desviou o olhar, e voltamos a ficar em silêncio novamente, até ele quebrar o mesmo. — Posso te fazer uma pergunta também?

— Pode, claro.

— Se arrepende? — perguntou, a antes que eu perguntasse do quê, ele foi mais rápido, apontando a cabeça para a Manuella, e eu já entendi de cara o que ele quis dizer.

Não Existe Mais Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora