Capítulo: 35

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— Isso é normal em alguns casos, foi pelo trauma que ela sofreu e por conta da batida. Vamos fazer mais alguns exames, pra ter certeza que sua consciência não foi totalmente afetada — o médico explicou, com bastante atenção. — Ela por ser uma criança, vai ter que ter uns cuidados a mais!

Ele explicou mais algumas coisas, o motivo pelo qual a Manuella se esqueceu total do que aconteceu no dia do acidente.

Ficamos mais aliviados quando ele disse que isso ainda mantinha ela fora de perigo.

Depois de mais várias explicações, voltamos para o quarto dela, onde a mesma estava distraída vendo televisão.

Me surpreendi assim que o Matheus segurou em minha mão, e me puxou para perto dela, que sorriu, assim que nos viu.

Puxamos duas cadeiras para perto de sua cama, e então sentamos ao seu lado, prontos para contar.

Ele me olhou, e passei meu polegar de leve por sua mão, tentando passar tranquilidade pra ele, mas na real, eu estava tão nervosa quanto ele.

— Meu amor, temos uma coisa pra te contar! — segurei em sua mãozinha, e ela já nos olhou curiosa.

— E queremos muito que você goste, e independente de tudo, entenda também — Matheus passou sua mão por seus cabelos, e ela balançou a cabeça lentamente, em sinal de concordância. — Eu aqui, não sou uma das pessoas mais responsáveis do mundo, entende?

— E nem a mamãe... — mordi meus lábios, e ela tirou o olhar dele, logo me olhando. — Qual é o seu maior sonho, filha?

— Ter uma casa igual da Barbie! — respondeu, com um sorriso de orelha a orelha, fazendo nós dois cairmos na risada.

— O outro sonho, filha... — me recompus, e ela logo entendeu. — Aquele que você me dizia antes de ir dormir.

— Ter um papai... — abaixou o olhar, e olhei para o Matheus, que deixou cair uma lágrima de seus olhos.

— Amor... — peguei em seu queixo, levantando sua cabeça cuidadosamente, para que me olhasse. — A vida é complicada, e você ainda é muito novinha, ainda tem muito que aprender com ela, assim como nós. Você talvez não entenda agora, talvez fique confusa com isso, mas um dia você vai entender o porquê de só saber disso agora.

— Saber do que, mamãe? — encurvou sua cabeça um pouco para o lado, e fiquei em silêncio, deixando agora para que o Matheus falasse.

— Eu sou o seu pai, Manu... — disse baixinho, e então senti o mesmo apertar minha mão, esperando a reação dela.

Ela ficou alguns segundos paralisada, apenas intercalando o olhar entre eu e ele, sem dizer nada.

— É sério, mamãe? — murmurou baixo, depois de um tempo, e assenti com a cabeça, deixando que as lágrimas caíssem.

Seus olhinhos rapidamente se encharcaram de lágrimas, e então ela nos surpreendeu, assim que abriu os bracinhos, esperando um abraço.

Sorri para o Matheus, que estava com seus olhos já vermelhos. Nos aproximamos mais dela, e nos aconchegamos na mesma, que nos apertou.

E ficamos daquele jeito por um bom tempo, apenas ouvindo o chorinho baixo dela, que conhecendo ela, eu sabia que era de felicidade.

E aquele foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. Eu nunca vi minha filha ficar tão feliz. Além do mais, eu senti um peso enorme sair das minha costas. Foi um alívio que eu não sentia há anos.

— E-eu tô muito feliz! — sorriu em meio ao choro, quando nos separamos.

— É uma honra ser o seu pai. Você é a criança mais incrível que eu já conheci! — Matheus sussurrou para a mesma, que começou a chorar mais.

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