Capítulo: 30

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Lentamente tirei o olhar dela, e fui levando ao redor daquele quarto, parando no chão.

Eu fiquei tão atordoado com aquela notícia, que nem consegui dizer nada pra ela. Apenas o silêncio que tomava conta do lugar, e os aparelhos que faziam um barulho, não tão alto, mas irritante pra caralho.

— Ei — me chamou, e tive que virar minha cabeça novamente para olhá-la, que parecia impaciente e ansiosa. — Matheus, diz alguma coisa, por favor...

Não pude respondê-la, já que, uma enfermeira adentrou o quarto, com uma bandeja de comida.

— Vê se come tudo! — colocou no meu colo, após a Vitória ter se afastado um pouco para que ela se aproximasse.

Era uma sopa rala, com um copo de suco, que eu não sabia ao certo do quê era, mas no momento eu tinha assuntos mais importantes pra tratar do que se importar com sabor de suco.

— Sua filha é linda demais, parabéns! — ela sorriu, e a Vitória rapidamente olhou pra ela.

— Filha? — Vitória perguntou, em tom de dúvida. 

— Sim, a menininha de cabelos castanhos, que estava com a mãe! — respondeu, e disfarçadamente, soltei um suspiro. Puta que pariu.Quando fizeram a ficha para que ela entrasse, eu vi ela conversando com outra pessoa. Muito esperta, e é um amor!

Apenas dei um pequeno sorriso de lado, e quando chegou até a porta, para sair do quarto, ela diz por fim:

— Ela é a cara da mãe! Mas, olha, os traços dela são todos seus!

Não posso negar que fiquei feliz em saber que ela tinha meus traços, e se eu a conhecer melhor, tenho certeza que a personalidade também!

Meus pensamentos foram interrompidos assim que olhei pra Vitória, que tinha uma cara estranha, enquanto olhava para outro lugar.

Eu nem sabia o quê dizer, então apenas respeitei o tempo dela, para que ela iniciasse essa conversa, que eu queria mais que tudo que não terminasse em discussão.

Ela não falava porra nenhuma, nada, e isso estava me deixando desconfortável, até eu lembrar que também não dei uma resposta à ela sobre a criança que está em sua barriga.

Enquanto eu pensava no quê dizer, e deixava ela no canto dela, comi a mendigaria de sopa que havia naquele prato, que nem tinha gosto, e bebi o suco, que até agora eu não sabia o sabor.

Deixei a bandeja na pequena mesinha ao lado da cama, assim que terminei, e levei meu olhar até ela.

— Precisamos ter uma conversa séria agora, Vi... — quebrei o silêncio, dizendo em um tom de voz sério.

Ela balançou a cabeça, e se sentou na cadeira ao meu lado, com um olhar magoado, e triste. Eu não sabia ao certo se era por eu não ter me pronunciado sobre a sua gravidez, ou sobre ter descoberto, sem ser por mim, que eu tenho uma filha com a Rebeca.

— Pode começar a falar, Matheus... — disse, em um tom de voz baixo, sem me olhar.

— Eu não sabia que era o pai da filha da Rebeca, e...

— Você ficou feliz, não ficou? — me interrompeu, agora me olhando, com seus olhos brilhando por causa das lágrimas que estava segurando. — Era tudo o que você queria...

Obvio que eu fiquei, e era o quê eu queria. Como eu poderia dizer a ela que eu desejava ser pai da filha da mulher que eu era loucamente apaixonado na adolescência?

— E agora você tem um filho meu dentro da barriga! Não era isso que você queria? — retruquei, mas percebi que não deveria ter feito isso.

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