Capítulo: 65

145 13 8
                                    

— EU PRECISO VER MINHA MULHER E MEU FILHO! — esbranvejo, chutando mais uma cadeira daquela recepção.

Todos os olhares daquele lugar estavam direcionados a mim. Várias pessoas curiosas e assustadas pelo meu ato. Muitas cochichavam com outra pessoa que estava ao seu lado, mas eu estava pouco me fudendo pra isso!

Ver a Rebeca era a única coisa que me importava naquele momento, mas nem isso estava sendo possível pra mim.

Já tentaram me tirar daqui de todos os jeitos, mas eu não saia nem pelo caralho!

— EU JÁ FALEI QUE NÃO VAI ADIANTAR DE NADA VOCÊ FICAR DESSE JEITO, MATHEUS! — a Luana segura o meu braço e aperta fortemente para que minha atenção fosse direcionada a ela.

— E TAMBÉM NÃO VAI ADIANTAR DE NADA EU FICAR AQUI FAZENDO PORRA NENHUMA! — retruco de volta, e puxo o meu braço de sua mão. — EU SÓ QUERO ENTRAR E VER A REBECA, LUANA, SÓ ISSO!

— Você sabe que não dá. VOCÊ SABE! — nega com a cabeça várias vezes deixando que suas lágrimas caíssem, mas eu não escuto. — PORRA, SE CONTROLA!

— ME CONTROLAR? — solto uma risada irônica. — TU TÁ LIGADA NO QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

— É ÓBVIO QUE EU TÔ! — ela rebate, e eu nego com a cabeça.

— Não! — começo a andar de um lado para o outro, tentando, de alguma maneira, aliviar minha tensão, o que não adiantou. E então eu paro, e encaro a minha prima bem no fundo dos olhos dela. — A mulher que eu amo tá dentro daquela porra, sem nenhum apoio ao lado dela, lutando pela vida dela e a do nosso filho...

— Matheus...

— Eu não terminei... — corto ela, que deu um passo a frente, mas parou assim que coloquei o meu braço para impedi-lá de continuar. — Eu já perdi a Rebeca uma vez, mas te garanto que agora está doendo bem mais do que na primeira vez, até porque eu pelo menos tinha a noção de que ela estava bem. Agora eu sei que pode ser pra valer, pra sempre...

— Isso não vai acontecer, para... — novamente volta a negar com a cabeça enquanto deixava que suas lágrimas caíssem, mas sem me olhar.

— Eu já perdi um filho, Luana... Eu perdi uma oportunidade de ver uma criança crescer e me chamar de pai, por pura culpa minha... — as lágrimas que desciam de meus olhos eram inevitáveis de segurar, e a dor que aumentava cada vez mais no meu peito estava pior ainda de suportar. — Eu de verdade não aguento passar por isso, e ainda fingir que estou sendo forte pela Manuella...

— Você é forte... — a Luana volta a me encarar, e eu passo minhas mãos pelo meu rosto, soltando um suspiro longo e pesado.

— Nesses últimos meses eu tive que garantir pra elas que estava tudo bem, e que ia ficar tudo bem. Todas as vezes que a Rebeca passava mal eu ficava em pânico por dentro, mas por fora tentava demonstrar pra ela que estava tudo sob controle — esfrego os meus olhos com a ponta dos dedos, não conseguindo mais ficar parado e voltando a andar de um lado para o outro. — Mas na real eu estava tão desesperado quanto ela, e infelizmente eu não podia fazer nada...

Sinto que a Luana queria dizer algo, como palavras para me confortar, mas ela me conhecia o suficiente para saber que em um momento como esse não iria adiantar de nada, então decidiu ficar em silêncio.

Não Existe Mais Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora