Capítulo: 44

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Matheus:

Encaro aquela porta mais uma vez, esperançoso.

Eu estava esperando alguém que eu sabia que não iria aparecer. Mas mesmo assim, eu havia um pouco de esperança.

— Você não chamou ela e nem comentou nada sobre. Espera mesmo que ela apareça, Matheus? — ouço o Guilherme dizer baixo, mas nem se quer respondo.

Pode ser que ele esteja certo, mas não vou dizer isso na cara dele.

Se passou alguns minutos, e então a porta é aberta me fazendo rapidamente olhar, mas a mulher que apareceu ali, não era a que eu estava esperando.

A Vitória trouxe o seu olhar pra mim, e nós dois sustentamos por alguns segundos, até serem desviados por ambas as partes. Aquela tinha sido a primeira vez que a vi depois de ser preso.

Eu não reconheci aquela mulher que estava ali, ou na real, eu nunca nem cheguei a conhecer de verdade.

Eu nunca me senti tão mal com a presença de alguém, como eu estava me sentindo sob a dela.

Naquele momento eu percebi que à odiava mais do que tudo, e nunca perdoaria ela pelo o que fez.

Olhar pra ela era como lembrar do meu filho, e eu odiava lembrar do que aconteceu. O sentimento de culpa sempre iria permanecer dentro de mim.

— Fica calmo, Matheus, as coisas estão ao seu favor! — Patrícia, minha nova advogada fala, tentando me passar conforto, mas adiantou de nada. — Seu julgamento vai começar.

E então o Juiz, Promotor e Escrivão entram, fazendo eu engolir em seco.

Olho para onde minha família e amigos estavam. Todos me passando energias positivas o tempo inteiro, o que me fez relaxar um pouco com a presença deles.

O que me doía imaginar era se tudo desse errado e não saísse como planejamos. Eu não saberia o que fazer vivendo daquele jeito.

— Boa tarde, senhoras e senhores, daremos início, neste momento, à instalação da sessão do Tribunal. Do Júri da Comarca de... Passo à conferência das 25 células dos jurados sorteados para esta sessão — o Juiz começa a dizer, e então faz a verificação das células, em seguida a chamada dos jurados, que demorou um tempo, me deixando cada vez mais ansioso. — Havendo número legal de jurados, declaro instalada e aberta a Sessão do Tribunal do Júri desta Comarca. Será submetido a julgamento o processo penal que a Justiça Pública move contra Matheus Mendes. Sendo vítima Vitória Freitas. Peço ao Sr. Oficial Porteiro que faça o pregão das partes e testemunhas, recolhendo-as aos seus devidos lugares.

E então o Juiz começa a falar e falar, e na real? Eu estava prestando atenção em quase nada, eu só esperava o momento em que ele bate o martelo dizendo que eu era inocente.

Os policiais me tiram de onde eu estava, e me levam para frente do Juiz, onde ele me fez as seguintes perguntas:

— Qual seu nome? Sua idade? Seu advogado?

— Meu nome é Matheus Mendes. Eu tenho 23 anos. Minha advogada é a Patrícia Schmütz.

Novamente eles me levam para onde eu estava, e durante todo o caminho as pessoas me olhavam, e a maioria me julgava com o olhar. Aquilo era uma barra a qual eu não queria ter que aguentar, mas me mantive forte pra caralho para suportar.

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