Um mês depois...
Assim que abri a porta lentamente, ele olhava para um ponto fixo da sala, e de alguma forma, ele sabia que era eu, mesmo sem me olhar.
— Matheus... — minha voz saiu baixa, e sem pressa, ele virou a cabeça lentamente para me olhar, o que me fez perceber que ele estava bem melhor do que a última vez que eu vim aqui, que foi quando ele acordou.
Analisei também sua expressão, que estava neutra, mas seus olhos demonstravam mágoa pura. Então isso fez meu sentimento de alívio sair, e meu corpo ficar tenso novamente.
— Desculpa... — soltei essa sem mais delongas, e ele continuou sem reação.
— Eu quero ver a minha filha — ignorou totalmente o que eu havia falado, e eu passei as mãos pelo rosto.
Filha...
Era tão estranho ouvir essa palavra vindo da boca dele.
— Eu não contei pra ela ainda...
— Então vamos contar agora — se ajeitou na cama, e engoli em seco. — Você só sai daqui, quando trazer ela.
— Matheus, olha aqui... — comecei a andar de um lado para o outro, mas parei, encarando ele que olhava para cada movimento meu. — Eu errei! Eu sei que errei. Errei feio! Fui imatura e infantil, eu reconheço isso, e eu só te peço por favor, para de ficar me ignorando, e me tratando como se eu fosse um lixo!
— Um lixo? — riu, sarcasticamente. Eu odiava essa risada. — Foi o que você fez comigo desde que voltou. Você escondeu minha própria filha de mim, e ainda se acha na razão. E você ainda fica incomodada porque estou te tratando com indiferença?
Voltei a ficar em silêncio, andando de um lado para o outro, com os braços cruzados, enquanto negava com a cabeça.
Talvez, agora eu esteja sentindo na pele o que ele passou.
— Rebeca, eu quero ver a Manuella... — pediu, mais uma vez.
— Por favor, ela só tem cinco anos, temos que contar com cuidado... — respirei fundo, tentando controlar o nervosismo.
— Eu sei o que eu tô fazendo.
Fiquei alguns segundos encarando ele, e sem dizer nada, sai do quarto indo buscar ela, que estava sentada em uma cadeira com as meninas e o Alisson ao lado dela.
— Vem, meu amor...
— Eu vou ver o tio? — perguntou, e balancei a cabeça.
Ela deu um sorrisinho, e desceu da cadeira, segurando na minha mão.
Olhei pra eles que me deram um sorriso reconfortante, logo sussurrando um "boa sorte".
Fui andando com ela até o quarto que ele estava, e eu já estava sentindo minhas pernas fraquejarem. Eu não sabia como iríamos dizer isso pra ela, e muito menos como ela iria reagir.
Assim que paramos em frente a porta, eu não consegui entrar, de algum jeito minhas pernas haviam travado e eu estava suando frio.
— Não vai entrar, mamãe? — a pequena me olhou. — Não fique nervosa, ele vai melhorar rapidinho, você vai ver!
— Eu espero... — sorri pra ela, e uma lágrima caiu dos meus olhos, me fazendo limpar logo.
Abri a porta, e ele rapidamente direcionou o olhar pra ela, que ficou parada olhando pra ele.
Acho que era pelo estado que ele estava. Ele estava todo machucado, e era a primeira vez que ela via alguém desse jeito.
— Vai... Vai lá, filha... — sussurrei, e demorou um pouco até ela soltar sua mão da minha, e ir andando em passos lentos até ele.
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Não Existe Mais Amor
RomansaCinco anos se passaram. Cinco anos de lembranças que foram deixadas para trás, e um amor que foi destruído. Matheus e Rebeca eram novos demais para entender o amor e vivê-lo naquela época. Mas, será que agora estão preparados para vencer o orgulho...