Capítulo: 1

732 31 8
                                    

Rebeca:

— MANUELLA! — gritei alto, e a pequena veio correndo do quarto.

— Quando você me chama de Manuella assim, é porque está brava, certo, mamãe? — perguntou, e eu cerrei os olhos — Eu não fiz nada!

— Então quem comeu o pote de Toddy todo? Tinha até a metade ontem!

— Deve ter sido o Mike — apontou sorrindo para o nosso cachorro, que abaixou a cabeça, abanando o rabo.

Respirei fundo, e olhei pra ela com um olhar, que ela parou de sorrir na hora.

— Tá bom, fui eu — fez bico, e respirei fundo, já sabendo que tinha sido ela.

— Vou te dar três segundos para correr, senão vou te jogar daqui de cima do apartamento — apontei para a janela, e ela me olhou espantada. — Um...

Nem terminei, e ela já saiu correndo para o quarto dela.

Neguei com a cabeça, e joguei o pote fora. Essa daí adora aprontar, já peguei ela no flagra várias vezes comendo pó de leite ninho.

Essa garota é demais! Com cinco anos de idade, consegue ser uma pestinha as vezes. Mas, eu não tenho muito do que reclamar, ela é um amorzinho também. Bom, boa parte do tempo.

Fui para o meu quarto, sendo acompanhada pelo Mike, que subiu em cima da minha cama, deitando ao meu lado.

Eu tenho dois filhos, a Manu, e o Mike, que já estava grandão. Meus dois amores que eu não vivo sem!

Sai dos meus pensamentos e peguei meu notebook, mexendo em umas redes sociais, e logo em seguida, recebendo uma vídeo chamada da minha mãe.

Atendi, e ela já abriu um sorriso largo, assim que me viu.

— Oi, meu amor, que saudades! — disse, e já vi os olhos dela se encherem de lágrimas.

— Eu também estou morrendo de saudades de você, mãe — choraminguei.

Logo atrás, meu pai apareceu, dando tchau e mandando um beijo.

— Oi, minha princesa — disse, e os olhos dele também estavam brilhando.

Sempre era isso, quando eles ligavam, ou quando eu ligava, eles choravam.

— E como vocês estão? — perguntei, me ajeitando na cama.

— Estamos bem! — responderam

— E o pessoal, como estão?

— Tá todo mundo bem — minha mãe respondeu com um pequeno sorriso de canto.

A Manuella apareceu na porta do meu quarto, e eu chamei ela com o dedo, que veio até mim, se sentando ao meu lado, de frente pro notebook, que dava para os meus pais verem ela

— Oi vovó, oi vovô — disse animada, e eles sorriram mais ainda.

— Oi neném de vovó, como você está? — minha mãe fez voz fina, me fazendo rir.

Ela é toda babona com a Manu. Muito puxa saco!

— Tô bem! 

— Aprontou hoje já? — meu pai perguntou rindo, e ela escondeu o rosto com as mãos.

— Comeu o Toddy todo que estava pela metade — revirei os olhos, e eles riram.

— Minha mãe disse que ia me jogar daqui de cima do apartamento — cruzou os braços, fazendo careta.

— Se ela fizer isso, vovó vai aí, e mata ela — minha mãe disse em tom ameaçador, e eu ri.

— E tu fazia muito isso também, dona Rebeca - meu pai fez cara feia, e todos nós rimos.

Eu quando tinha a idade da Manu, também adorava comer Toddy puro escondido dos meus pais. Eu amava! Pena que minha filha puxou essa mania minha.

— E quando vocês duas vão vim aqui? Já está na hora, né? — dessa vez minha mãe perguntou em um tom sério, e eu mordi os lábios.

Depois de cinco nos, desde o dia que eu fui embora do Brasil, eu nunca mais fui lá.

Mas a cada um ano e meio, ou mais, eles vem me visitar. E já fazia tempo pra caralho que eu não via eles, só por vídeo chamada mesmo, e eu estava com saudades demais.

— No momento certo nós vamos... — respondi, e eles suspiraram.

Ficamos conversando por bastante tempo sobre outros assuntos, mas depois tive que me despedir deles, pois eu ia fazer a janta.

Desliguei o notebook, com lágrimas nos olhos. Eu estava morrendo de saudades dos meus pais.

— Vai querer jantar o quê? — olhei pra Manu, que fez cara de pensativa.

— Bife com batata frita! — respondeu, pulando na cama, e eu ri, logo assentindo.

Me sentei na cama, de costas, pra ela subir, e assim ela fez, se segurando no meu pescoço igual um macaquinho, com as pernas cruzadas em mim, enquanto eu segurava ela.

Fui até a sala com ela nas minhas costas, e joguei ela em cima do sofá, que soltou uma gargalhada, e ligou a televisão, assistindo desenho.

Fui até a cozinha, que era americana, então dava pra ficar olhando ela.

Já tinha arroz e feijão prontos do almoço, então eu apenas esquentei. Fritei o bife, e a batata, coloquei pra nós duas, e fiz um suco rapidinho, coloquei em cima da mesinha que tinha no centro da sala, de frente pra televisão, e comemos, sentadas no chão, enquanto assistiamos Barbie.

Sim, eu fiz minha filha ficar viciada em Barbie, igual eu era na adolescência!

Quando acabamos de comer, lavei tudo, dando um jeitinho na cozinha, na sala, e coloquei ração para o Mike.

Depois dei um banho rápidinho nela. Tenho medo de deixar ela tomar sozinha e escorregar no box, já que ela é bem desastrada. E depois ela escovou os dentes sozinha, disse que já era madura o suficiente pra isso.

Quando ela acabou, levei ela até o quarto, e ela se deitou na cama dela para dormir. Já estava tarde.

— Boa noite, meu amor! — me sentei ao seu lado, cobrindo ela, e dei um beijo em sua testa.

— Boa noite, mamãe! — sorriu de lado, e foi fechando os olhinhos lentamente.

Passei a mão pelos seus cabelos, e fiquei reparando cada detalhe dela, de como ela é linda..

E de como ela me lembrava uma pessoa, nossa, os olhos, e até o sorriso são idênticos. Puta que pariu!

Me levantei, e apaguei a luz, deixando apenas o abajur ligado.

Deixei a porta encostada, e fui para o meu escritório trabalhar um pouco antes de ir dormir, sendo acompanhada pelo Mike, que não desgrudava de mim momento nenhum quando eu estava em casa.

Quando entrei, olhei para a parede, onde meus olhos pararam no meu diploma. Eu já tinha terminado a faculdade de direito fazia pouco tempo. Fiquei com muito orgulho de mim mesma. Mesmo com uma filha pequena, e longe da minha família e amigos, eu tinha conseguido!

Me sentei na cadeira, e fiquei de frente para o notebook por horas. Eu ao menos nem percebi a hora passar.

Assim que eu havia terminado de fazer tudo, me levantei já exausta, e fui para o banheiro tomar um banho.

Quando terminei, me enrolei na toalha, escovei os dentes, e fui até meu guarda-roupa, pegando uma calcinha, e uma camisola.

Me vesti, e me joguei na cama, pegando meu celular, e respondendo algumas mensagens.

Assim que respondi mensagens até de dias atrás, coloquei ele na cômoda ao meu lado, dei carinho no Mike que dormia em sua caminha, que ficava ao lado da minha, e dormi em poucos minutos também. Amanhã será um longo dia!

《《《》》》

Não Existe Mais Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora