Duas semanas depois...
- Manuella, eu já falei que não! - bufei, rodando o quarto atrás da minha bolsa, com ela me seguindo.
- Por favor, eu vou ficar quietinha. Me leva junto! - implorou com a voz manhosa, mas dessa vez isso não funcionou comigo.
- Não posso te levar.
- Mas, mamãe...
- NÃO! - me virei rapidamente, e isso fez com que ela parasse de andar e se assustasse. Logo percebi que acabei falando alto demais.
Passei as mãos pelo rosto, e soltei um suspiro longo. Relaxa, Rebeca, você é mãe, cheia de coisas na cabeça, tudo bem as vezes sair um pouco do controle...
Essa semana foi uma merda total. Eu estava mais nervosa e sensível que o normal por conta da gravidez e por tudo que estava acontecendo, e a Manuella abalada e dengosa demais por causa do pai.
Eu já conversei com ela várias e várias vezes esses dias, mas pra ela ainda está sendo difícil de entender. Claro que não só pra ela.
Meus pais essa semana foram viajar para Portugal, uma viajem a qual eles já estavam planejando antes de eu voltar pra cá, mas eles por pouco não foram mais. Só que as passagens, hospedagem de hotel, e as outras coisas já estavam pagas, se não fossem, iria ser um prejuízo enorme, então convenci eles de irem, que eu daria conta de tudo.
Mas eu não estava dando mais conta.
- Sua bolsa tá ali... - ouço ela dizer baixinho, e então a encaro, que apontava para atrás da porta.
Volto o olhar novamente pra ela, que estava parada no mesmo lugar, parecendo ainda assustada por eu ter gritado com ela.
Isso pra mim ainda era um pouco novo também. Eu nunca tinha gritado com ela, não desse jeito, não com raiva.
Isso nunca tinha sido preciso, não até hoje.
Sento na beirada da cama, e então a chamo com os dedos, que resita por um momento, mas vem.
Em passos lentos ela chega até mim, e logo pego ela, colocando sentada em meu colo.
- Eu não queria ter gritado com você - puxo levemente seu rostinho para que me olhasse. - Mas pareceu necessário fazer isso, porque você não queria me ouvir, e ainda escondeu a minha bolsa.
- Desculpa... - diz baixinho, e então balanço a cabeça. - Eu só queria ver meu papai...
- Eu sei. Mas infelizmente não posso te levar. Aquele lugar não é pra você - suspiro. - Espera só mais um pouquinho, okay?
- Uhum... - murmura baixinho, e abaixa a cabeça, mexendo em suas mãozinhas.
- Agora tenho que ir! Se comporta, hein! - dou um beijo em sua cabeça, e a tiro delicadamente do meu colo.
Me levanto, e em seguida o Mike entra no quarto, vindo em minha direção.
- Oi, meu amor! - me agacho, e faço um carinho nele. - Cuida da sua irmãzinha pra mim, viu?
Ele mexe o rabinho com a língua pra fora, parecendo concordar, e escuto a risada da Manuella.
Me levanto novamente, pego minha bolsa e pego meu celular, que estava descarregando. Puta merda, esqueci de colocar pra carregar, e agora nem dá mais tempo de fazer isso!
Os dois ficam brincando no quarto, e então eu desço, vendo a Nathália e o Alisson conversando sobre algo na sala, mas logo param, assim que chego.
- Era impressão nossa, ou você gritou com a Manuella? - Alisson pergunta, e balanço a cabeça.
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Não Existe Mais Amor
RomanceCinco anos se passaram. Cinco anos de lembranças que foram deixadas para trás, e um amor que foi destruído. Matheus e Rebeca eram novos demais para entender o amor e vivê-lo naquela época. Mas, será que agora estão preparados para vencer o orgulho...