Capítulo: 50

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Escutamos a porta da sala sendo aberta, e então nos separamos do abraço meio constrangidos.

— Bebê de mamãe, cheg... — dona Luiza, minha linda mãe, paralisa assim que chega na porta da sacada e vê nós dois. — Oi, Matheus.

— Oi...

Pouquíssimas vezes eles dois haviam se trombado. E em todas as vezes eu sentia o Matheus ficar meio assim perto da minha mãe.

— Cadê a Manuzinha? E a Nathy? — ela pergunta.

— Saíram! — respondo.

— Então só está vocês dois aqui? — pergunta na cara dura, e eu arregalo os olhos por tamanha vergonha.

— Eu estava esperando a Manuella chegar! — Matheus coça a cabeça, e pelo seu ato, percebo o mesmo nervoso. — Pelo visto ela vai demorar. Outro dia eu volto!

— Pode continuar esperando ela, Matheus, sem problema algum! — minha mãe dá um pequeno sorriso de canto.

— Eu teria que ir mesmo, não ia demorar muito aqui! — responde, e se afasta do guarda corpo. — Até mais, dona Luíza!

Ela apenas assente com a cabeça, e ele passa pela mesma, indo para a porta da sala. Antes de sair ele me lança um sorriso de lado, e eu retribuo.

— Que carinha é essa? — ouço minha mãe perguntar, e eu a encaro, que havia um sorriso malicioso estampado em seu rosto.

— Nada! — digo, e passo por ela, indo me sentar no sofá.

Nada, sei! — ri, e senta ao meu lado. — Você ainda gosta dele, dá pra perceber!

Quando ela disse aquilo, minha vontade foi de revirar os olhos, mas eu não faria isso pra minha mãe.

— Tem outro cara na minha vida agora. E você sabe disso.

— E isso impede de você continuar gostando do Matheus? — diz, como se fosse óbvio, e leva o olhar até minha barriga, onde passa sua mão. — Mas eai, como anda o caso dele lá com a justiça?

— Ele não me conta nada sobre, mas pelo o que eu sei, a situação não tá nada fácil pra ele — respondo, sem ânimo algum pra esse assunto. — O que foi?!

Minha mãe de repente ficou com um semblante estranho, e nem se quer me encarava, apenas olhava pra minha barriga enquanto alisava a mesma.

— Esquece...

— Diz, mãe.

Ela então me encara, e passa a língua pelos lábios.

— Acredita tanto assim na inocência do Matheus?

Naquele momento eu quase nem acreditei que ela havia me perguntado aquilo.

— Mas é óbvio! — nego com a cabeça. — Eu sei que ele nunca faria isso!

— Vocês ficaram anos sem se ver, sem se falar, e sem saber nada um do outro — diz séria. — As pessoas mudam com o tempo, filha...

— Ele não fez isso, mãe, eu sei! — afirmo, e ela solta um suspiro.

— Você sabe que se ele for preso de novo, as crianças vão ficar sem um pai presente, né? Eu sei que o Guilherme não é o pai biológico deles, mas pelo tempo que conheço ele, ele com certeza cumpriria esse papel pelo Matheus.

— Não preciso colocar outro homem na minha vida e dos meus filhos só pra substituir a ausência do Matheus. Eu mesma vou dar conta dos dois papéis! — respondo, e após alguns segundos ela assente com a cabeça.

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