Capítulo: 26

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Cruzei meus braços e encostei minha cabeça naquele vidro gelado, o quarto que o Matheus estava, após ter saído de uma cirurgia de emergência, mas pelo o que eu ouvi, o estado dele ainda estava crítico.

Não dava para vê-lo pelo vidro, até porque ele era escuro do lado de fora.

Peguei meu celular, e fui ver as horas. 2:39h da madrugada. O Hospital estava vazio, só as vezes que passava um ou outro médico pelo corredor.

O pessoal e minha mãe foram pra casa descansar, e eu decidi ficar. Nunca que eu iria conseguir ficar bem estando em casa.

— Rebeca... — uma voz baixa e feminina foi dita atrás de mim, e sem saber de quem se tratava, me virei, sendo pega de surpresa por ser a mãe do Matheus.

Meu corpo ficou imóvel, assim como o dela quando nossos rostos se encontraram. Ela não sabia o que dizer, e muito menos eu.

Ela parecia que estava feliz em me ver depois de anos, mas pra falar a verdade, eu não sabia ao certo o que ela estava sentindo de fato no momento. Poderia ser raiva, e até rancor...

Oi... — minha voz deu uma leve falhada, e em passos rápidos, ela veio até mim, e me abraçou fortemente, o que me fez retribuir na mesma intensidade.

— Quanto tempo... — murmurou, ainda no abraço, e tenho quase que certeza que ela estava sob efeito de algum remédio. — Você mudou tanto!

Ri baixinho, e então nos soltamos. Ela me analisava por completo, ainda sem acreditar que era eu. Mas sua face mudou, assim que seu olhar bateu em uma parte de mim.

— O que é isso no seu braço? — perguntou preocupada, analisando o mesmo, e levei meu olhar até lá, onde tinha uma marca roxa que tinha passado despercebido por mim. Eu nem havia notado aquilo lá até ela citar.

— Ah, não é nada demais! — coloquei a mão em cima, tampando aquilo, mas seu olhar continuou insistente em saber. — Eu cai da escada. — contei, mas ela não pareceu acreditar, além que seu olhar se tornou mais triste ainda.

— Você tem algum namorado abusivo?

— Que? Não! — arregalei os olhos, negando com a cabeça várias vezes. — Eu nem namoro.

— Ah... — deu um pequeno sorriso, aliviada com isso, mas logo voltou com o semblante de tensão em seu rosto. — Rebeca, não quero invadir seu espaço pessoal, mas quando eu te vi no casamento da Luana, eu sabia que deveríamos ter conversado, mas eu achei que aquele não era o momento certo... — deu uma longa pausa. — Então, se você tem algo para falar, você pode me contar agora... — segurou minhas mãos, e apertou levemente, dando um sorriso reconfortante. — Confie em mim, independente de tudo, eu não vou te julgar por nada.

Mordi meus lábios fortemente, e desviei o meu olhar do seu para os meus pés, que estavam frios, assim como minhas mãos.

— O seu filho... O Matheus... — suspirei, tentando a todo custo terminar aquela frase. E com uma leve apertada nas minhas mãos, ela me incentivou a continuar. — É pai da minha filha... Você tem uma neta.

Levantei minha cabeça lentamente, e por um segundo, eu tive receio de sua reação, mas ela foi totalmente ao contrário do que eu pensei. Ela estava um pouco surpresa, mas parecia que já sabia e esperava por isso.

Ela ficou um tempo em silêncio, até perguntar:

— Você... Você contou isso pra ele pouco antes do acidente... Não foi? — seus olhos se encheram d'água, e apreensiva, balancei a cabeça que sim.

— Eu não queria que fosse daquele jeito... — minha voz saiu embriagada, e minha garganta logo se fechou como se fosse um nó bem forte.

— Como eu disse, não vou te julgar por nada, mas não posso negar que fiquei um pouco chateada por saber só agora também... — suspirou, dando uma longa pausa. — Mas, se você fez isso, é porque teve os seus motivos. Eu sou mãe e entendo. Mas também entendo o lado do Matheus por ter ficado com raiva.

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