Matheus:
Olho para a Rebeca de canto, e a mesma estava toda encolhida no banco, enquanto olhava pela janela fechada do carro.
Continuei com uma mão no volante, e a outra livre estiquei para pegar um casaco meu que estava no banco de trás.
Ela então me olhou assim que entreguei o casaco pra ela, que nem disse nada, apenas pegou e vestiu.
— Vai avisar ao pessoal sobre isso? — pergunto, e nesse meio tempo achei que ela não responderia, pois só foi responder depois de longos segundos em silêncio.
— Hoje não.
— E o Guilherme? — aperto o volante, e ela de imediato me olha. — Não perguntei por mal.
— Ainda não pensei nisso — responde baixo, e então decido mudar de assunto.
— Quer que eu leve a Manuella pra ficar lá em casa?
— Não! — se ajeita no banco, com uma de suas mãos na barriga, que estava ali desde o momento em que saímos do hospital. — Fiquei um mês longe dela, e agora só quero ficar com a minha filha.
— Tudo bem.
Não insisto mais para que ela ficasse comigo. Eu apenas optei por isso para que a Rebeca não ficasse tão sobrecarregada, e não passasse por nenhum tipo de aborrecimento. Mas eu sei que a Manuella não é do tipo que tira alguém do sério, ainda mais sabendo pelo o que a mãe dela está passando.
Estaciono o carro de frente para o apartamento dela assim que chegamos, e então saio do banco do motorista e dou a volta rapidamente para ajudar a Rebeca a sair.
— Eu tô bem, relaxa — diz, assim que seguro em sua mão para que ela saísse.
— Só para garantir — respondo, analisando um pequeno sorriso aparecer em seu rosto, que logo desaparece. Era perceptível sua cara de cansaço, até seu corpo estava mais frágil.
Já havia amanhecido completamente, mas eu não fazia idéia de quantas horas eram.
Entro com ela até o elevador segurando em sua mão, e a outra em suas costas. Logo coloco o seu andar, e então ele começa a subir.
— Ontem você disse que tinha uns compromissos agora de manhã cedo — se encosta no espelho da parede, e me olha, com seus olhos cansados. — Não quero atrapalhar, pode ir. Muito obrigado por ter me acompanhado até aqui.
Na real quando eu disse aquilo, era apenas uma desculpa esfarrapada para ir embora logo de lá. Eu estava com raiva e mal pra caralho, por causa dela, e não estava suportando ter que ficar no mesmo ambiente que ela.
— Não tem problema, não era nada importante.
— Tem certeza?
— Sim, não mais que vocês dois.
Ela então assente, e inclina sua cabeça para o lado, que se encosta na parede.
Seus olhos se fecham por alguns segundos, tempo o bastante para que eu fitasse ela.
Na mesma hora minha ficha cai, e percebo que grande parte disso tudo é minha culpa. Todo o estresse que ela passou até agora nessa gravidez foi causado por mim, e nossas brigas.
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Não Existe Mais Amor
RomanceCinco anos se passaram. Cinco anos de lembranças que foram deixadas para trás, e um amor que foi destruído. Matheus e Rebeca eram novos demais para entender o amor e vivê-lo naquela época. Mas, será que agora estão preparados para vencer o orgulho...