Capítulo: 22

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Rebeca:

É tão angustiante saber que as coisas não estão ao seu favor, sinceramente!

Pior de tudo é saber que no meio dessa confusão toda está um ser humaninho que não tem culpa de absolutamente nada, mas que pode ser a que mais vai sofrer, mesmo sendo tão pequena e não entendendo nada do mundo!

Por que tentar poupar sua filha do sofrimento te faz ser uma péssima pessoa e a vilã da história?

Eu sei, eu sou uma péssima pessoa.

Mas quem não erra, né?

Talvez eu esteja percebendo meu erro agora. Pode ser tarde? Talvez! Mas eu juro que tô tentando...

Suspirei, e tirei uma presilha de cabelo azul de dentro do bolso do meu short, enquanto analisava ela.

— Tá fazendo o quê aqui sozinha? — escutei uma voz masculina atrás de mim, fazendo eu me assustar e minha respiração acelerar no mesmo momento por ser o Matheus, mas tentei de tudo agir naturalmente. — Foi mal.

— Tudo bem... — tirei meu olhar dele, e voltei para o que estava nas minhas mãos. — Só estou sem sono.

Senti ele se aproximando mais, e sentando na cadeira ao meu lado, ficando em silêncio.

Por que ele sempre aparece nas horas erradas?

— Tá mexendo no quê? — perguntou, e ainda sem encará-lo, respondi:

— A Manuella me deu antes de eu vim, dizendo que se eu sentisse saudades, era só olhar, que assim eu lembraria dela a viagem toda... — sorri, com a voz falhando, e ele ficou um tempo em silêncio.

— Já está com saudades dela?

— Uhum...

— Vocês são muito grudadas, né...

— Demais... — mordi os lábios, colocando de volta no meu bolso, e encostando as costas na cadeira. — Bom... Nem perguntei, mas, o quê você está fazendo aqui?

Virei minha cabeça, e ele já estava me olhando.

— Ah, sem sono também — deu de ombros, se encostando também na cadeira, de braços cruzados.

— Entendi...

— Quer dar um rolê na praia? — perguntou, me fazendo franzir a testa.

— Oi?

— Quer. Dar. Um. Rolê. Na. Praia? — perguntou, pausadamente, e eu ri.

— Eu entendi o que você tinha falado, mas... Não acha que está tarde?

— Já fizemos isso uma vez — piscou pra mim, e quase abri a boca por ele ter me lembrado disso. — Qual é, perdeu o pique?

Ele riu, e se levantou, indo lá pra dentro.

Olhei para a água da piscina, e fiquei pensando que isso não acabaria bem. Eu teria que contar isso pra ele, e talvez a melhor oportunidade que eu tivesse seria essa...

— Rebeca? — sai dos meus pensamentos com ele me chamando, e rapidamente levei meu olhar até ele, que estava com as chaves do portão na mão.

Me levantei da cadeira, e em passos lentos fui acompanhando ele até o lado de fora da casa.

— Quero te mostrar um lugar... Mas é um pouco longe pra irmos a pé — abriu o carro com o botão automático da chave, e foi caminhando até ele, o que me fez parar. — Se não quiser ir, tudo bem.

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