Capítulo: 55

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Rebeca:

Minha respiração foi acelerando aos poucos, e ele continuava de costas para mim, ainda imóvel.

Eu ter dito aquilo foi totalmente espontâneo. Simplesmente saiu da minha boca sem eu ter feito esforço algum, só foi no automático.

Quando finalmente o Matheus se virou pra mim, ele parecia desacreditado de minhas palavras.

Ele estava sério, me encarando atentamente tentando entender. A pouca luz do lado de fora que estava sendo refletida aqui na sacada era o bastante para ver suas pupilas dilatadas e seus músculos tensos.

— Mamãe, papai...

Desviamos o olhar um do outro para olhar a pequena garotinha parada nos encarando.

O clima que estava ali foi totalmente cortado pela Manuella que parecia confusa em nos ver ali.

— É-é... Era pra você estar dormindo! — digo, com minha voz que saiu trêmula pelo nervosismo que ainda estava em mim.

— Vocês também... — ela responde baixo, e agora olha para o Matheus, que estava parado feito estátua. — Tá fazendo o que aqui ainda, papai?

— Eu...

— Ele vai dormir aqui! — sou mais rápida em dizer algo, já que ele não estava sabendo o que falar, e os dois na mesma hora me encaram.

A Manuella abre um sorriso de orelha a orelha, e o Matheus abre a boca por um instante para dizer algo, mas fecha novamente.

— Ai, não acredito! — a Manu diz animada, e parece que se lembrou de algo naquele momento, já que seus olhos foram arregalados. — Fica aí, que eu tenho uma coisa pra você, papai!

Ela vai praticamente correndo lá pra dentro, nos deixando a sós novamente. Não sei mais por quanto tempo.

— Então você quer que eu durma aqui?

Tiro o olhar de lá de dentro e volto para o Matheus após ele perguntar isso.

Agora ele não estava mais sério, e sim com um sorrisinho de canto em seus lábios.

— Quero... — sou rápida em responder, até porque eu não sabia quanto tempo teríamos ainda antes da Manuella voltar. Ele então solta um suspiro baixo e se aproxima, colocando meu cabelo atrás da orelha após ficar frente a frente comigo. — Temos ainda muito tempo pra isso...

— É, eu sei... — diz baixo, e inclina um pouco sua cabeça para o lado, parecendo me admirar. — Só tô me segurando aqui pra não te agarrar por causa da Manuella.

Uma risada baixa sai da minha boca, e ele novamente se afasta após ouvir passos.

— Aqui, papai! — a Manu adentra a sacada com uma folha em mãos. — Era pra mim ter te entregado antes, mas eu esqueci...

— Tudo bem, meu amor — o Matheus ri, e ela entrega a folha pra ele, que fica um tempinho analisando.

— Eai, gostou? — ela pergunta, parecendo ansiosa.

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