"Mads, tá fugindo com medo do seu namorado não subir ao pódio hoje?"
Madison Walker é uma modelo de 21 anos, nascida e criada em Londres. Uma garota simpática, bastante amigável e com uma carreira em ascensão. Ela só não esperava que uma oferta de...
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Madison Walker
Viramos amigas pouco depois de eu ser abandonada por Briona. Eu era uma pré adolescente sozinha, excluída no canto da sala. Eu já conhecia Kriss e Natalie por serem minhas vizinhas, por estarem nas mesmas festas de gente rica que eu e meus pais sempre íamos, mas nunca tiramos um tempo pra trocar ideia de verdade.
Uma professora passou um trabalho, eu perguntei à ela se podia fazer sozinha e aí ela disse: "não mesmo, é uma tarefa integrativa, encontre um grupo". Mas aí elas me encontraram.
Estivemos juntas desde então. Em todas as minhas festas de aniversário. Viagens em família. Elas foram pra mim as irmãs que eu nunca tive. Eram minhas pessoas, aquelas que eu chamaria pra arrastar o corpo pela sala.
-Mads, vai dormir o dia todo? - As mãos geladas de Pierre tocam meu braço me fazendo tremer. Noto a presença de um casaco gigante sobre meu corpo, encolhido na poltrona. Olho ao redor e lá fora o dia já é praticamente noite. - Tudo bem?
Resmungo me encolhendo ainda mais. Massageio minhas têmporas tentando me lembrar de em qual momento eu dormi.
-Ainda bem que você não usa maquiagem, essa cadeira teria ficado podre com tantas lágrimas. O que tava assistindo? - Uma moça ruiva com as roupas da Ferrari me entrega um café, sorrindo para mim. Me levanto e o aceito, sorrindo pra ela. Pelo visto, ninguém sabe o que aconteceu realmente. Melhor assim.
-Por que tá aqui? - Encaro Pierre, tentando encaixar as peças em minha cabeça.
-Tá me expulsando?
-Eu te disse pra não acordar ela. - Charles se senta ao meu lado na poltrona que, sim é gigante. Estico minhas pernas sobre seu colo tomando um gole do líquido no copo.
-Tava dormindo tão bem que nem sabia que estava realmente dormindo. Que horas são? Onde tá meu celular?
-Coloquei pra carregar. - Charles sorri, esticando seu braço para mim. O relógio em seu pulso marca seis e quarenta da tarde. - O que vai fazer agora? Ainda odeia a gente?
-Odeio. Mas eu não tenho pra onde ir, não tenho nem com quem ir. Então tenho que ignorar isso em parte, pelo ao menos por agora.
-Como assim em parte? - Pierre questiona. Analiso seu rosto que não tem nenhum arranhão, mas sua mão direita está envolta em curativos.
-O que aconteceu com a sua mão? - Olho em seus olhos e ele sorri.
-Foi só um pequeno corte mas eu tô bem. Deveria ter visto o rosto...
-Não, eu não deveria. Por que fez isso?
-Mads, ele traiu você! - Sua entonação de indignação não faz sentido algum pra mim. - Por que tá defendendo esse cara?
-Não tô defendendo ninguém! Só não tinha a necessidade de fazer isso no meio das pessoas. Como você achou que isso me ajudaria? Você me expôs!
-Fala sério, Madison!
-Não, fala sério você, Pierre! Foi ridículo! Kriss me traiu também. Era ela transando com ele! Quer que eu a chame aqui e vamos socar a cara dela também? - O encaro desafiando-o a responder, mas ele não o faz. - Exato. Eu nem sei o que de fato rolou.
-Olha, você tá certa. Mas da pra parar com essa discussão? Ninguém sabe de nada. - Charles diz. Nós dois o encaramos, perplexos com a sua calma. E então caímos na gargalhada.
-Natalie sabia disso? - A voz de Pierre é quase um sussurro. Sei que ele tem medo da resposta, até eu mesma tenho. Seus olhos estão fixos em suas sapatilhas de piloto, enquanto Charles me encara esperando a resposta.
-Não falei com ela. Não falei com ninguém.
-O que fez a tarde toda?
-Olha, eu acho que dormi, né?
-É, ela dormiu, cara. Foi você que acordou ela. - Charles ergue as sobrancelhas pro francês como se a pergunta dele não fizesse o menor sentido.
-É, eu viajei, foi mal. - Os dois sorriem, balançando a cabeça. - Ele já foi pro hotel.
-Larga de ser entediante, Pier. Por favooor. Pare de falar disso.
-Eu sei que você quer ignorar o elefante no meio da sala, mas ele é grande demais pra isso.
Engulo em seco e encaro a mesa à qual ele está escorado. É uma mesa grande com cerca de umas vinte cadeiras ou mais. A sala em si é muito grande, um espaço bem amplo e iluminado. A Ferrari tem mesmo muito dinheiro.
-Sabe que isso é um ditado popular, né? Não tô falando da mesa em si.
-Haha, muito engraçado. Mas eu sei, sim. Obrigada pelo toque. - Resmungo e jogo minha cabeça para trás sobre o braço da poltrona. - Como foi o TL2?
-Carlos ficou em primeiro. Hamilton em segundo e Verstappen em terceiro. - Depois de uma pausa dramática Charles completa - ele não concluiu a volta. Disseram que ele reclamou no rádio de dificuldade técnicas...Mas a fofoca é que seja resultado dos socos na cara que ele levou mais cedo.
-Isso pode trazer resultados horríveis pra você, Pier. E eu juro, se você for processado ou algo do tipo eu quem vou socar sua cara agora.
-Tudo bem, mãe. Prometo que não quero ser processado.
-Por que bateu nele? Você já tinha agredido alguém daquela forma? - Me levanto novamente e Charles cai na gargalhada com minha pergunta.
-Ele nunca bateu nem em uma mosca!
-Qual é? Resolveu virar o salvador da pátria, o defensor dos pobres e oprimidos assim, do nada?
-Ah, sei lá. Você sabe que eu nunca fui com a cara daquele moleque. As coisas que ele dizia e fazia. As coisas que ele já fez contra mim. Eu só...ele não tinha o direito de fazer isso com você, sabe? Quando eu lembro da Hungria...
-Não. - Interrompo ele. - Nós, definitivamente, não vamos falar da Hungria. Já passou. Foi vulto. Ficou no passado. Não se toca em peças de museu a menos que queira ser expulso.
-Eu só precisava fazer ele pagar. Acho que ele nunca tinha apanhado antes disso.
-E eu acho que precisamos voltar pro hotel. Quer que eu te deixe lá? - Charles questiona.
-Não, tá tranquilo. Eu analisei as vagas enquanto conversávamos e vi que só tem no hotel que o Pierre tá, então...
-Beleza. Vamos lá. - Charles diz e os dois se levantam.
