CAPÍTULO 151

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Charles Leclerc

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Charles Leclerc

       Deixo Madison no quarto, ainda deitada em minha cama. Assim que toco a maçaneta ela volta ao seu livro. Balanço a cabeça ao notar seu gesto. Eu poderia induzí-la a sair e conversar com as outras garotas do paddock, mas sou egoísta o suficiente pra deixar que ela permaneça no meu quarto até que eu volte.

A ideia de que outro trabalhador, no entanto, possa entrar e vê-la deitada, com seu pé esquerdo apoiado no joelho direito, me causa arrepios. Conheço todos os homens que trabalham aqui. Também sei o quanto bebem, fumam e pensam em sexo. Um enjoo se forma em meu estômago.

Corro de volta para o corredor. Entro no banheiro e me atraco à privada imunda, colocando para fora tudo que se revira em mim. Achei que tivesse comido apenas a salada mais cedo mas, pelo visto, a vasilha de plástico que a continha também veio.

Alguns minutos depois passo a mão em minha testa. Me levanto, dando descarga, respiro fundo algumas vezes. Agarro a pia de porcelana branca e fria, desejando que todo meu corpo se esfrie tanto quanto. Olho meus olhos no espelho. "Tudo bem, Charles. Tá tudo bem." Respiro fundo outra vez, passando a água fria em minha testa.

Ouço batidas suaves na porta, abro-a, me forçando a sair dali, só para manter meus órgãos internos ainda como internos. Ninguém precisa que eles desçam pela descarga hoje.

Madison sorri para mim, do lado de fora, parada no corredor. Suas mãos cruzadas na frente do corpo. As tomo para mim e ela me encara, curiosa ou preocupada, não sei dizer.

-Você tá bem? - Ela se desvencilha de meu toque e sua mão encontra minha bochecha. - Espera aqui. Não se mexa.

-Prometo. - É tudo que posso dizer.

Ela entra no banheiro, fechando a porta atrás de si. Ouço a fechadura se trancando. "Boa, Mads", penso. Escorrego até o chão, segurando minha cabeça com as mãos, meus joelhos servem de apoio aos meus cotovelos.

Não passa muito tempo e ela sai do banheiro. Suas mãos cheiram a lavanda, como o sabão líquido ao lado da torneira. Ela se agacha ao meu lado, me puxando para cima. Em seguida, olha para os lados, eufórica.

-O que foi? - Tento tocar seu rosto, mas acho que minha mão não me obedece.

-Charles, olha pra mim - ela segura meu rosto em suas mãos. - Quando você bateu o carro, esperou que os médicos examinassem você?

-Não, ninguém podia me ajudar - respondo rispidamente - o carro já estava acabado, eu não tinha nada pra fazer lá fora.

-Que droga, garoto! - Ela xinga e se levanta, em um pulo, correndo pelo corredor.

Em seguida, minha doce Mads aparece, tapando a luz com seu corpo. Mais corpos dançam atrás dela. Por que não dança comigo?

-Charles, olha pra mim! - Andrea puxa minhas pálpebras, me trazendo de volta para onde estamos. Tonto, tento me levantar. Quando percebo a fraqueza em minhas pernas, outro mecânico me equilibra, me levantando.

Sou guiado para os fundos do box. Uma ambulância está parada à porta, escuto jornalistas do lado de fora, fazendo perguntas, confusos. Madison está ao meu lado, seus dedos agarram os meus, tão confusa quanto os que estão lá fora.

-Eu tô bem?! - Tento tranquilizá-la, mas escuto o meu tom de interrogação.

Seus olhos se arregalam e ela encara o médico que me faz perguntas, não quero te responder. Não quero falar com ele. Fecho meus olhos com a luz forte e tento puxar Mads para mim, para que voltemos à cama.

-Charles, precisa responder - ela continua no banco, me olhando, confusa. Parece doer. Por que dói?

-Mads, tá tudo bem? - Sinto meus olhos se arregalando. Ela olha para o médico, fugindo do nosso contato visual. Madison, não se preocupa, não.

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