-É claro que não é um bom momento … - ela disse sem obedecê-lo – Vou ver o que eu acho para limpar todo esse sangue. - ela falou antes de sair da sala a procura de uma maleta de primeiros socorros
- Você não devia ter feito isso. - Engin o repreendeu – Vou ver se consigo arrumar a sua bagunça ! - ele gritou antes de sair da sala deixando Serkan sozinho.
Ele bufou. Ninguém mandou aquele idiota ter falado tudo aquilo.
A porta se abriu e Eda reapareceu aflita :
- Aqui, - ela disse abrindo a sua bolsa – sempre tenho álcool gel e algodões. Deve servir … tem que servir ! - ela disse nervosa.
- Esta tudo bem, pode voltar ao trabalho. - ele disse frio
- E você pode ficar quieto e me deixar limpar esse sangue. - ela disse de nariz empinado.
Serkan sorriu diante a tal afronta.
- Você sabe quem manda aqui, não sabe ? - ele perguntou irônico
- Você disse que não queria empregados puxa-saco. - ela respondeu umedecendo o algodão com o álcool – Então cara, olhe para cima e me deixe te ajudar. Ou você quer que todos os outros empregados vejam que você também levou uns socos ? - ela disse sorrindo
Serkan não havia ouvido nada mais do que ela falará depois de cara.
Ela estava sorrindo e por um momento ele teve que pensar o que tinha mesmo que fazer.
Ela levou a delicada mão até seu queixo, o levantando. Ele não protestou. Gostou do toque delicado das pequenas mãos dela.
- Bom, menino. - ela o elogiou – Então, o que ele te falou para você bater nele ? - ela perguntou largando o algodão no ferimento.
- Como você sabe que ele me falou alguma coisa ? - ele perguntou sentindo uma pequena ardência
- Você não me parece o cara mau que bate nas pessoas. - ela sorriu – Já ouviu aquele ditado, cão que ladra não morde ? Você não parece ser do tipo que morde.
Ele ficou em silêncio por um tempo, e então brincou :
- Esta chamando seu chefe de cachorro ?
Ela riu, uma risada que mais parecia sinos angelicais tocando. Foi impossível ele não sorrir.
- Em teoria. - admitiu continuando a limpar o ferimento perto do olho.
Ele continuou em silêncio. Não precisava contar para ela. Mas ao mesmo tempo, ele queria contar pra ela. Conversar em ela... Ele suspirou e falou :
- James é um de meus acionistas, veio aqui para deixar a empresa. Em meio a nossa discussão ele acabou falando do meu pai e .. eu bati nele. - ele suspirou – você não deve intender ..
- Eu entendo. - ela disse calma – Também não admito que falem dos meus pais. - ela disse seria e ele pode jurar ver uma sombra de sofrimento nos olhos dela – Muito menos da minha mãe.
- Eles já morreram ? - ela negou com a cabeça – Os meus já.
- Sinto muito. - ela disse sincera.
O silêncio entre eles ficou pesado. E ela trocou de algodão e começou a limpar o pequeno corte da sua boca.
Mas não era uma boa ideia tê-la tão perto. Ele engoliu seco e procurou não olhá-la.
- Então... - ele disse nervoso – seu primeiro dia esta um tanto exitante ?
Ela rui, e ele quase se desculpou pela escolha totalmente errada de palavras.
- Não sei o que tem de exitante em limpar o sangue do rosto do chefe. - ela disse divertida – Mas o dia esta bastante movimentado. - ela admitiu
- Esta assustada ?
- Não. Estou curiosa. - ela admitiu com um sorriso travesso nos lábios.
- Curiosa sobre o que ? - ele não pode deixar de perguntar.
- Sobre trazer suas aventuras para cá e o seu caso com a última secretária.
Serkan sorriu torto. Ela estava lhe dando mole ?!
- Fazilet, a última secretária, era muito bonita e vivia dando em cima de mim, e você sabe, eu sou homem... - ele disse cheio de malícia e ela o interrompeu.
– Já conheço sua fama. - ela admitiu sorrindo - Porque você a despediu ?
- Ela ficou obcecada por mim. Me seguia nos eventos, e começou a me sufocar. Eu não queria um caso com ela, eu queria uma noite com ela. - ele torceu o nariz – Fui obrigado a despedi-la.
- E quanto a mim ? - ela perguntou ainda limpando seus ferimentos – Me contratou com segundas intenções Serkan ?
Ele pensou em lhe mostrar a lista de qualidades que havia feito dela no primeiro dia e que se encontrava em sua carteira, mas achou melhor não.
- O que você acha ? - ele perguntou malicioso enquanto ela pegava outro algodão.
- Eu acho, que se você me contratou com segundas intenções, perdeu seu tempo. - ela disse séria – Eu e você não vai rolar.
O sorriso de Serkan sumiu. Em seu rosto agora, a expressão séria mostrava o quanto ele estava bravo.
Jogando os algodões sujos fora, ela saiu da sala levando sua bolsa e deixando Serkan sozinho.
Quem ele pensava que era ? Ele havia lhe contratado apenas com o intuito de transar com ela ?!
Oh, ele devia pensar que a pobre Eda do interior, é virgem e não tem malícia.
Ela sentou-se em sua mesa e suspirou. Ele realmente não a conhecia se pensava isso ! Não mesmo.