O sol começava a nascer quando ela saiu de casa e foi até o velho galpão, onde estava estacionado o velho caminhão que precisava de concerto. Tirou algumas das peças e colocou-as de molho, apreveitando a oportunidade para lavá-las. Chegou o motor e o arranque, substituiu o óleo do cárter, e repos a água na bateria, aproveitando para engraxar melhor os terminais e os polos, da mesma.
Querendo dar uma boa checada em todo o caminhão, ela não se importou em deitar-se de baixo dele e começar a verificar os freios e suspensões.
Ouviu o som de passos, que se aproximavam e que que pararam a pouca distância:
— Chegou tarde demais para me ajudar, papai. Já estou quase terminando aqui. - ela disse sorrindo – Que tal me alcançar a chave biela 10? - ela pediu esticando a mão para fora.
Novos passos foram ouvidos, e então uma chave de boca pousou em sua mão.
- Pai, eu disse biela e... - ela se interrompeu automaticamente ao perceber que ao invés das botinas velhas e sujas do seu pai, uma par de sapatos italianos e extremamente reluzentes estava no seu raio de visão.
- Oh! - ela exclumou saindo de baixo do carro e se levantando com toda a dignidade que tinha.
Seu coração acelerou e ela teve que lembrar a si mesma de como se respirava. Não podia ser... Ele estava ali!
- Serkan! O que você esta fazendo aqui? - ela disse automaticamente
Ele deu dois passos para frente e então sorriu, piorando a tentativa de se manter calma e coerente de Eda.
- Olá Eda.
O aroma inebriante da loção pós barba e do perfume dele, invadirão os sentidos de Eda a embriagando consideravelmente. Todos os dias que ela lutará pra esquece-lo de nada valerão... Seu esforço tinha ido todo pelos ares.
“Quem ele pensa que é?” - ela perguntou a si mesma
- Como você sabia que eu estava aqui?
Ceren não faria aquilo com ela. Definitivamente não.
- Foi bem dificil. Meus detetives demoraram alguns dias …
- Detetives? Colocou detetives atrás de mim? - ela disse ofendida
- … mas por fim conseguiram. Eu só tive certeza ontem quando eu liguei e você atendeu.
- Foi você que ligou? - ela perguntou chocada
- Sim.
- Porque você esta aqui Serkan? - ela quase gritou - Deixei bem claro que vou lhe pagar um pouco todo mês! Pelo amor de Deus, esse dinheiro nem esta lhe fazendo falta!
- Eu não vim por causa do dinheiro. Vim por sua causa Eda. - ele disse dando mais um passo para a frente. Ela recuou dois. - Mas confesso que fiquei surpreso ao saber de tudo sobre sua mãe... Porque não me contou?
- Adiantaria alguma coisa? - ela perguntou amargurada
- Precisamos conversar. - ele pediu agora a fitando seria e intensamente.
- Se é sobre o divórcio, podemos arranjar tudo com Engin e... - ele lhe interrompeu
- Não vai haver divorcio nenhum. - ele disse calmamente.
- Quem você pensa que é? - ela disse finalmente em voz alta - vai haver divórcio! Isso nunca passou de um contrato estúpido!
- Nosso casamento foi bem além das coisas judiciais e você sabe.
- Não, não sei, a única coisa que eu sei é que precisava desse casamento. Era a única forma de conseguir o dinheiro para a operação da minha mãe. Eu não tinha outra saída. - ela disse contendo as lagrima e se agarrando em sua única defesa.
O silêncio caiu entre eles cheio de significado. Ela olhava para o chão, recusando-se arduamente a encarar Serkan. Quando ele deu mais dois passos, ela não pode mais recuar por estar com as costas coladas a umas das pratileiras velhas e empoiradas de seu pai.
Ele ergueu a mão e a segurou com força pelo queixo, obrigando-a a encara-lo.
- Eu fiz o que você pediu. - ele disse com a voz baixa e casual – Eu demiti Beren...
- Isso já não importa mais. - ela disse tentando afastá-lo sem sucesso – Você não me deve explicações.
- Quando você entrou na sala, - ele disse ignorando seus protestos - eu tinha acabado de demiti-la.
- Que ótimo jeito de agradecer o dela não? - falou irônica
- Você tinha razão. - ele disse ignorando-a novamente – Eu devia tê-la demitido antes, me desculpe Eda, você não sabe o quanto eu me arrependo por isso.. - ele disse sincero – Quando eu vi, ela estava se jogando em cima de mim, e quando a empurrei, você estava lá, e então você me olhou daquele jeito e eu se sinti o mais cafajeste do mundo todo mesno não sendo nada daquilo culpa minha. Me desculpe Eda! - ele parecia apavorado – Eu queria matar a mim mesmo por não ter lhe ouvido antes, se eu soubesse das intenções dela, eu a teria afastado o máximo possivél. Eu quero você Eda, - ele disse colando a testa na dela – e eu não sei nem... nem lhe dizer como um me senti quando você saiu correndo não me dando ouvidos. Volte pra mim Eda. - ele pediu – você é a única com quem eu quero estar! A única! Desde o primeiro dia.
Ela balançou a cabeça sentindo as lagrimas começarem a descer pelo seu rosto:
- Você não sabe do que esta falando... - ela disse contrariada.