Capítulo 23

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Serkan estacionou o carro e desceu afloxando a gravata. O dia tinha sido difícil e desde de o café não tinha posto nada na barriga.
Os boatos e perguntas sobre o seu casamento não fez as coisas melhorarem, e sua paciência já tinha se esgotado.
Pensou em ligar para saber como Eda estava durante o dia, mas como ela mesmo havia dito, aquilo era um casamento de mentira, e esse tipo de coisa só era feita em casamentos de verdade.
Abriu a porta e sentiu a casa perfumada.
Logo reconheceu que era o cheiro de Eda.
Virou-se para trancar a porta e só então percebeu um vaso de flor. Um vaso que não estava ali antes, e que não era para estar ali.
Flores lembravam enterro, e enterro lembrava seus pais.
Ele bufou sem um pingo de paciência.
- Serkan ? É você ? - a voz animada dela vinha da cozinha – Venha, preparei o jantar.
Ele respirou fundo caminhando em direção a cozinha.
Pela primeira vez, depois de muito tempo alguém lhe esperava para jantar.
Eda, com o cabelo preso em um coque, estava vindo em sua direção, com os seus grandes olhos castanhos brilhando de alegria.
- Espero que goste de panqueca. - ela disse pegando sua mão e o puxando para a cozinha
- Queria agradecer por ontem. Foi muito gentil. - ela disse sorrindo – Hoje, aproveitei o dia para me familiarizar com a casa e meio que tentei dar um pouco de vida a ela. Estava tão escura e fria. Espero que não se importe.
O que ela queria dizer com dar vida ? - ele se perguntou.
- Onde prefere se sentar ? - ela perguntou quando chegaram a cozinha.
Serkan não respondeu, estava ocupado olhando para a “vida” de Eda.
- O que significa isso ? - ele perguntou franzindo o cenho
A cozinha estava repleta de flores.
Uma na janela, outra em cima da geladeira, outra plantinha no chão …
- Isso o que ?
- Esse mato todo na minha casa. - ele disse serio sem alterar a voz
Eda puxou a mão como se alguém tivesse lhe dado uma chibatada.
- Oh, a casa estava tão sem cor e eu não tinha nada para fazer. Espero que não se importe e …
- Eu me importo. - ele a cortou
- É quem bom … eu as acho tão bonitas e delicadas, e pensei que .. - ele a cortou de novo
- Eu não gosto delas, só servem para atrair bichos.
- Oh, quanto a isso não se preocupe, eu posso cuidar para que isso não aconteça. Eu pensei que você … - ele a cortou mais uma vez
- O que você não pensou é que a casa é minha e que antes de sair mudando as coisas, tem que falar comigo. Não gosto de flores.. - ele declarou.
Naquele momento ela teve certeza de que se lhe tivessem arrancado um dedo, não doeria tanto.
Alguns segundos de silêncio se passaram até ela se pronunciar :
- Você tem razão. - ela disse olhando para todos os lados menos para os olhos dele - Você esta coberto de razão. Pode apostar que a partir de hoje, vou ficar no meu lugar. - ela disse ressentida – Amanhã mesmo retirarei todas as flores. - ela prometei – O seu jantar esta servido.
Ela anunciou se retirando da cozinha.
- Escuta Eda … - Serkan disse parando na frente dela e a olhando nos olhos, arrependido
- Aproveite seu jantar Serkan. - ela disse fazendo a volta nele e saindo quase correndo da cozinha.
Serkan soltou um palavrão baixinho.
Agora os grandes olhos castanhos de Eda não brilhavam mais de alegria. Nem se quer brilhavam.
Ele respirou fundo e olhou para mesa posta.
Pratos, copos, talheres, tudo em seu devido lugar e um vaso pequeno e delicado no centro da mesa com três rosas vermelhas dentro.
Um nó na garganta quase lhe enforcou e ele precisou engolir seco.
Ele realmente era um idiota.

Ele realmente era um idiota

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