CAPITULO DOIS 🍁

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Guerra em Whibaymatch, dois anos antes... (1818 à 1819)

Temor, injustiça, sangue.
Uma guerra desnecessária causada por ambição, a qual gerou muita angústia por toda a grande cidade. Acontecera tão repentinamente que nem sequer houve um preparo para o evento. Homens foram convocados inesperadamente, sendo recolhidos nas ruas e em suas próprias casas, sem um aviso antecipado, de modo que muitos não puderam nem se despedir de suas famílias.

Thomas estava saindo da universidade, comendo um pedaço de queijo inglês e tentando não pensar na quantidade de trabalhos acadêmicos que havia para fazer, quando dois oficiais pararam diante dele.

— Venha conosco – Disse um, segurando seu braço.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou o jovem, intrigado.

— Guerra – Disse o homem, somente.

Thomas franziu a testa, quase sorrindo. Não era possível... Analisou o traje do oficial que o segurava, parando os olhos sobre a arma na lateral do corpo.

— Eu não fui treinado para guerrear – Disse, por fim, esperando que aquilo fosse livrá-lo.

— Os outros também não.

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Algumas horas depois estava em um abrigo militar, próximo de um campo de batalha, com dezenas de homens uniformizados em trajes de soldados. Aquilo era assustadoramente real, e ele sentiu o corpo estremecer ao perceber isso.

Sua mente era treinada para pensar em soluções, ele conseguia se colocar em uma posição de espectador e analisar o que podia ser feito. Era calmo e consideravelmente calculista. Dessa forma, sua primeira reação foi começar a pensar em maneiras de sair daquele pesadelo sem que fosse pego e mandado de volta. Ademais, poderia ser punido caso fosse flagrado. Precisaria ser muito cauteloso.

Naquela noite, a insônia que consumiu a multidão de homens apavorados não foi nenhum motivo de surpresa. Em menos de vinte e quatro horas foram tirados de suas casas e famílias, mandados para um local desconhecido sem ao menos receber uma explicação digna do porquê estavam ali. Thomas estava entre o grupo de pessoas que não conseguia pregar o olho nem por um instante. Felizmente, alguns conseguiram cochilar e descansar.

Ele estava acordado, forçando-se a usar o cérebro até que conseguisse traçar uma rota de fuga plausível. Abriu sua bolsa de couro que trazia da universidade, apanhou um pedaço de papel e começou a fazer algumas anotações. Soltou um suspiro decepcionado ao perceber que não tinha informações suficientes.

Era seu primeiro dia ali, ainda não conhecia nem um terço daquele lugar, e os tais oficiais que fizeram a convocação não deram as caras desde que o deixaram junto com os outros soldados horas antes.
Estava tudo muito confuso, mas tentou convencer a si mesmo de que no dia seguinte teriam uma noção mais ampla da realidade e do que estava os esperando.

Ele ouviu um som estranho e, mesmo tendo fechado os olhos para tentar dormir, não conseguiu se concentrar. Identificou o barulho como sendo de um choro, o que foi de lhe partir o coração. Não conhecia ninguém que estava ali, naquelas dezenas de colchonetes espalhados. Sentiu a cabeça pesar por um instante, o homem continuava soluçando baixinho.

Sentou-se e olhou ao redor. O soldado tristonho estava na direita, virado de costas e encolhido como uma criança no ventre materno. Aparentava ter uns cinquenta anos, percebeu o jovem ao se aproximar.

— Senhor – Disse, mantendo uma distância consideravelmente adequada, pois não pretendia ser invasivo – Quer conversar?

Não houve resposta, mas o choro cessou por um instante.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora