CAPÍTULO TRINTA E OITO 🍁

21 4 4
                                    

Margot suspirou, a coluna perfeitamente ereta, sentada no sofá. Após ler a carta de Thomas, sentiu-se inquieta e foi para a sala, onde encontrou sua tia solitária e pensativa. A mais velha retirou-se minutos depois para buscar uma bebida na cozinha. Teriam uma longa noite, visto que as duas não conseguiam dormir.

— Aqui está – Disse Martha, lhe entregando uma taça – Segure a minha por um instante, por favor.

Margot obedeceu e a viu balançar a garrafa com um líquido de cor roxo avermelhado. Ela franziu a testa.

— Isso é vinho? – Sua surpresa se deu pelo fato de que não eram acostumadas a ingerir bebidas alcoólicas.

Martha deu de ombros, ainda balançando o objeto.

— Suco de uva – Declarou.

Margot assentiu. Sua tia retirou a tampa e encheu sua taça com o líquido, em seguida, serviu a própria. Deixou a garrafa sobre a mesa de centro e sentou-se ao lado da sobrinha, dando o primeiro e longo gole. Ela fez uma careta logo em seguida e soltou o ar pela boca.

— Minha nossa, há quanto tempo isso está guardado na dispensa? O gosto está forte.

— Deve ter sido ser as uvas – Margot deu um gole um pouco mais curto do que o da mais velha – De fato, está forte.

As duas se entreolharam.

Após duas taças, seus corpos foram tomados por uma leveza repentina.
Na terceira, a sala parecia rodar lentamente. Na quarta, Martha teve uma crise de riso e caiu no chão. Na quinta, Margot chorou como uma criança.

Não era suco de uva.

— O Sr. Deltknan... É bonito, gentil, cheiroso... Desde a primeira vez em que nos vimos, sempre me tratou de maneira fina e agradável, diferente de outros. E-ele é ótimo, mas vai embora em alguns dias, e... – Ela enxugou as lágrimas com a costa da mão – Por que a vida é tão difícil? Conheci um homem bom, mas meu coração pertence a outro.

Sua tia fez um barulho estranho, soltando o ar pelo nariz.

— Ele tinha mesmo que me magoar dessa maneira? – Fungou a jovem, gesticulando de maneira dramática enquanto desabafava com sua tia, que estava, no mínimo, descabelada e nem um pouco sóbria – Por que me disse aquelas palavras se pretende ficar noivo de outra? Você me paga, Thomas Wihners! Seu cavalheiro miserável e incrivelmente perfeito que roubou meu coração...

— Minha querida – Martha arrastou as palavras, sua língua havia começado a ficar dormente alguns segundos antes – Existe apenas dois lugares onde um homem teme ser atingido.

Margot olhou para o chão com os olhos pesados de sono, encarando a mais velha. Em seguida, piscou lentamente.

— Quais?

Martha sentou-se, bocejando.

— Na região mais sensível, perto das coxas, e claro, seu ego! A única maneira de dar uma lição neles é ferindo algum desses dois lugares.

Margot franziu um pouco a testa.

— Thomas não é egocêntrico.

— Você mesma disse que ele lhe escreveu, mas pretende ficar noivo de outra. É um método masculino de sentir-se superior, ele quer manter as duas na palma de sua mão.

Margot afundou-se no sofá e acabou derramando vinho em seu colo, mas não se importou. Sua cabeça parecia prestes a explodir com aquelas informações.

— Então o que devo fazer? – Sussurrou.

— Atinja o ponto fraco dele.

— Como vou fazer isso?

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora