Margot desceu para o desjejum mais cedo que os demais. Fora a última a dormir e a primeira acordar. Estava andando muito inquieta ultimamente, mas tentava manter-se plena diante dos seus conhecidos mais próximos. Nem mesmo Thalya suspeitava que a ideia de se casar estava a perturbando com tanta frequência.
Talvez fosse o nervosismo e a ansiedade pelo baile daquela noite, ou qualquer outra coisa, mas ela simplesmente estava sem apetite. Mesmo com uma bandeja de bolinhos, geleia de morango, ovos, bacon, e outros aperitivos muito saborosos, ela preferiu comer uma mera porção, somente para não ficar com o estômago vazio.
Quando sua tia apareceu, uma hora depois, deparou-se com a jovem terminando de ajustar a luva na mão, pronta para sair. A mais velha franziu um pouco a testa, em seguida abriu um sorriso curiosamente afável.
— Vai se ausentar?
A outra ergueu os olhos.
— Sim. Vou fazer uma caminhada, mas não precisa se preocupar, não pretendo demorar. Estarei aqui uma hora antes de o almoço ser servido.
— Está levando uma dama de companhia?
— Não – Respondeu a mais nova, em um tom baixo – Não vou muito longe. Não o suficiente para manchar minha reputação.
Sua tia ponderou sobre a resposta até, por fim, assentir.
— Cuidado, querida.
Margot fez que sim e saiu. Era uma típica manhã de outono, apesar de o sol aparecer um pouco naquele horário, o clima ainda era frio. Suas bochechas estavam rosadas e o traje que escolheu para usar possuía um tecido mais grosso – porém confortável –, com um forro interno para aquecer a pele.
Não fez questão de acelerar os passos, pois queria desfrutar da caminhada. As suaves partículas de água presentes no ar umedeciam seu rosto no caminho.
Após andar alguns minutos, deu-se conta de que não sabia ao certo onde pretendia chegar. Poderia visitar Thalya, mas precisaria de uma carruagem para chegar até sua casa – era mais fácil quando a amiga ainda morava com os pais na propriedade dos Wihners, depois que se casara, o novo endereço ficava um pouco mais longe –, ademais, não queria intrometer-se tanto na vida dela.
Thalya era uma mulher casada agora, possuía mais responsabilidades e menos tempo livre. Não que tivesse dado qualquer sinal de desconforto ou fizesse Margot pensar que sua presença era indesejada, mas sabia que precisava dar um pouco de privacidade à outra.
Por fim, seguiu para uma casa que não frequentava há bastante tempo, e, para falar a verdade, ela só havia visitado a propriedade uma ou duas vezes em sua vida, e acompanhada da melhor amiga.
Hesitou antes de tomar essa decisão mas, por algum motivo, sentiu que seria bom. Caminhou até a grande construção da esquina, atravessou a rua com um ar nostálgico, tentando não se demorar admirando as folhas das árvores, que atingiam um tom de amarelo e laranja. As calçadas estavam repletas delas, tornando o ambiente muito especial.Quando subiu os degraus de pedra da entrada, bateu a aldrava na porta e respirou fundo. Logo o mordomo a recebeu – com uma sutil expressão de surpresa.
— Srta. Lynth? – Pigarreou ele.
— Faith está presente?
— Sim, irei comunicá-la de sua visita nesse instante. Me acompanhe até a sala de visitas.
Margot assentiu, obedecendo o comando. A Casa Klent não havia mudado tanto desde a última vez em que fora até o local. Apesar dos quadros pendurados na parede – verdadeiras obras de arte –, candelabros dourados e detalhes em azul por todo lado, era como se faltasse alguma coisa. Faltava alguém.
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Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2
RomanceEle voltou. Sete anos se passaram, mas agora ele está de volta. Ainda que não fosse o mesmo, ainda que fosse um homem e não mais um jovem perdido, ainda que que houvesse passado por coisas horrendas, ele voltou para o seu lar. Não podia fugir para s...