CAPÍTULO TRINTA E DOIS 🍁

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Sua tia havia voltado para o quarto, e Margot continuou acordada. Era tarde, mas sua mente estava muito desperta para conseguir descansar. Ela se remexeu na cama, bagunçando a coberta. Ainda sentia o calor do abraço de Martha vibrando em seu corpo, como um fenômeno raro e bem-vindo. Margot sabia exatamente a quantidade de abraços que as duas haviam dado durante sua vida, por não ser algo frequente, costumava contar e guardá-los em sua memória.

Ela fechou os olhos, apertando uma almofada contra seu corpo. Se abraçar a mulher que havia a adotado era tão bom, qual seria a sensação de abraçar a sua mãe? Uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. Nesse momento, ouviu um barulho em sua janela, fazendo-a arfar de susto. Ela sentou na cama, alerta. Segundos depois, ouviu o mesmo barulho. Tremendo, abriu a gaveta de sua penteadeira e pegou uma tesoura. Caminhou até a janela e abriu as cortinas lentamente, encarando o vidro embaçado.

Alguém acenou do lado de fora, um ponto de luz em meio ao jardim. Ela engoliu em seco. Passou a mão na vidraça e aproximou um pouco mais seu rosto, para enxergar melhor. Ao perceber quem estava ali, prendeu a respiração. Afastou-se da janela, colocou a mão sobre o peito e respirou fundo. Silenciosamente, abriu a porta de seu quarto e desceu as escadas, suas pernas estavam trêmulas e seu coração batia desesperadamente. Alguns minutos depois, abriu a porta que dava para o jardim.

— Thomas? – Sussurrou.

Ele andou até ela e abriu um sorriso aliviado.

— Sinto muito por estar aqui a essa hora, eu sei que já é tarde, mas...

Ela não disse nada, apenas o encarou, surpresa demais para demonstrar alguma reação.

— Perdoe-me por ter agido daquela maneira mais cedo.

Ela olhou para um lado e depois para o outro, ignorando as palavras dele.

— E se nos virem aqui?

— Duvido que alguém ouse estar fora de casa a essa hora, a não ser para... Fazer coisa errada.

— Bem, nós estamos fora de casa — Ela piscou lentamente.

— Nós somos uma exceção – Disse ele baixinho, abrindo um sorriso sereno – Não se preocupe, nada vai acontecer. Entretanto, caso fôssemos vistos, você não estava se sentindo bem e foi até o jardim para pegar um ar. Eu voltei tarde para a casa e a encontrei passando mal, então decidi parar para ajudá-la. Quem ousaria duvidar da minha palavra? A Casa Wihners é aqui perto e eu sou médico, de certa forma, não seria de levantar suspeitas.

Ela sorriu.

— Você sempre tem um plano?

Ele olhou para a boca dela, em seguida para os olhos, que ficavam ainda mais encantadores à luz do luar. Então, lembrou-se da conversa com Matt mais cedo.

Sentimentos não estavam no plano.
Se apaixonar nunca está no plano.

— Na maioria das vezes – Sussurrou.

Ela comprimiu os lábios, assentindo.

— Por que está aqui?

— Eu queria pedir desculpas por ter agido daquela maneira mais cedo, não foi maduro da minha parte – Ele entreabriu os lábios. Ouça o seu coração ao menos uma vez, cara – E também porque eu queria ver você.

Ela o encarou, surpresa.

— Ah... – E colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, sentindo o corpo ficar muito leve de repente.

Ele olhou ao redor e indicou um lugar no gramado, perto de um arbusto.

— Podemos sentar?

Ela hesitou, parecendo ter receio de fazer aquilo. Por fim, concordou. Os dois andaram um pouco e sentaram na grama, um do lado do outro.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora