CAPÍTULO CINQUENTA E TRÊS 🍁

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Na carruagem de trás...

— Deve ser um dia milagroso mesmo.

— Por que diz isso? – George arqueou uma das sobrancelhas sem encarar o companheiro.

— Estamos viajando há mais de uma hora e você ainda não dormiu. Céus, acho que é uma alucinação. Devo estar sonhando com isso, não é possível.

George fez uma careta e continuou fitando a janela.

— Estou pensando na minha esposa.

— Eu imaginei – Comentou Matt em um tom mais sério – Você a ama e se preocupa tanto que sequer está conseguindo descansar os olhos, não é mesmo? – Em seguida, brincou – Quero alguém que me ame assim.

O outro lhe deu uma breve olhada e ficou em silêncio, demorando alguns segundos para abrir um sorriso preguiçoso.

— Thomas contou que você cogitou a ideia de cortejar minha esposa antes de vir para Skweny.

— Ah, isso foi antes de saber que eram casados. Ademais... – Matt olhou para os próprios pés – Você sabe. Meu coração pertence a outra pessoa.

George assentiu.

— Como lida com a dor de ter perdido ela?

O amigo deu de ombros.

— Eu tento convencer a mim mesmo de que nunca a perdi, apenas estamos separados por um período e logo nos encontraremos para viver o nosso Felizes para Sempre.

George inclinou um pouco o corpo para frente e deu um tapinha no joelho do amigo. Sabia sobre a trágica história de amor dele, e sentia muito por isso. Seu peito apertava só por imaginar em perder Thalya.

— E como ela está? Sua esposa? – O outro perguntou, mudando um pouco o rumo do assunto.

— Ela está melhor a cada dia. Saudável e linda, exatamente como quando eu a conheci. Pensei que fosse ficar devastada com a perda da gestação, mas admito que ela lidou até mesmo melhor do que eu – Ele suspirou – É estranhamente reconfortante ter alguém tão forte ao meu lado, e ao mesmo tempo assustador pensar que ela pode estar sofrendo em silêncio. No fundo, ela é bem parecida com o irmão.

Matt o olhou, ouvindo com atenção. Em seguida, repetiu o gesto dele, dando um tapinha em seu joelho.

— Aproveite para dormir enquanto pode, meu caro. Assim que seus filhos nascerem, suas noites de sono serão um evento raro e não mais uma rotina. Tenho certeza que vocês dois ainda receberão esse presente divino, e quero poder ser um tio presente na vida dos meus sobrinhos de coração.

George sorriu lentamente, como se uma centelha de esperança houvesse surgido através das palavras do amigo.

— Quanto ao irmão dela... – Matt mudou de posição e encarou as árvores passando rapidamente através da janela – Percebe como ele parece feliz? De verdade?

— Eu seria um péssimo amigo se não percebesse. Se eu pudesse resumir esses últimos dias, diria que nosso amigo voltou a viver.

Matthew assentiu, assumindo um ar nostálgico.

— Lembro exatamente da primeira vez em que o vi e da impressão que tive. Era um homem lutando por vidas, mas que havia desistido da própria. Quase senti pena dele naquele momento.

— Acha que devemos considerar a Srta. Lynth o motivo de tudo isso?

O outro negou com a cabeça.

— Eu diria que o crédito vai para o próprio Thomas. Foi ele quem tomou a decisão de voltar, porque reconheceu que ficar longe das coisas que mais importavam estava lhe maltratando. Ele errou, percebeu isso e foi corajoso para tentar um recomeço. Graças a sua decisão e humildade, conseguiu. O olhar dele parece mais alegre, não apenas pela Srta. Lynth, mas por ter consertado a questão com a Srta. Klent, comprado uma casa própria e iniciado o projeto de sua carreira profissional, poder estar perto da família novamente e então, ter encontrado o seu verdadeiro amor após se encontrar primeiro. Já vi muitas coisas lindas nesse mundo, e também as mais horrendas, mas se tem algo que tem valido a pena de acompanhar, é o recomeço de Thomas Wihners.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora