1813 (oito anos antes)
— Um, dois, três – Declarou Thalya, guiando a amiga em uma valsa compassada – Um, dois, três... Isso, está indo bem!
Margot sorriu com sua pequena conquista, mas logo desequilibrou-se e pisou no pé da amiga pelo que achava ser a quinta vez.
— Não desanime – Incentivou a outra, fazendo uma careta logo em seguida.
— Perdoe-me!
— Não foi você, e sim o meu tornozelo. Mas vai passar, não se preocupe. Uma dorzinha não pode me impedir de dar aulas de dança para a minha melhor amiga, eu sou mais forte que isso.
— Mas seria bom não ser teimosa também. Se continuar forçando seu corpo dessa maneira, a lesão vai piorar, e você sabe disso – Declarou Thomas, surgindo de repente no hall e parando para cumprimentar seus pais. Lançou um olhar repreensivo na direção da irmã e a viu soltar um suspiro – Venha, sua cabecinha dura, precisa dar um pouco de descanso para os seus pés. Deixe que eu ensine o restante dos passos para a Srta. Lynth.
Margot entreabriu os lábios, paralisada. Seu coração batia enlouquecidamente dentro do peito sempre que o via ou ouvia sua voz, e acelerou ainda mais quando o viu andar em sua direção. Thomas beijou a testa da irmã, que saiu pisando firme em direção aos pais no palco de madeira, e logo posicionou-se em sua frente.
Margot engoliu em seco.
Sabia que era jovem demais para se apaixonar, entretanto, apaixonou-se.
Quando Thomas aparecia, podia sentir as famosas borboletas no estômago.Queria poder beijar a covinha no queixo dele e acariciar seus cabelos castanhos. Quando ele a olhava, suas pernas fraquejavam. Com todas as palavras, Thomas era o seu primeiro amor. Era o sonho de qualquer garota, e também o seu. Porém, jamais admitiria isso. Assim como também nunca diria que gostaria de ter a vida de sua melhor amiga. Fazer parte daquela família, morar em uma casa tão alegre e aconchegante, ter pais tão bondosos e carinhosos, apaixonados um pelo outro mesmo após tantos anos de casamento, e claro... Poder conviver com Thomas diariamente.
Eram desejos secretos, os quais reprimia constantemente. Porque, no fundo, sentia-se mal por tê-los. Não queria ser a vilã da história, apenas ter tido a oportunidade de viver uma vida diferente. Temia estar nutrindo inveja dentro de si, e isso a fazia corroer-se internamente, pedindo perdão a Deus, mas a verdade era que ela era uma menina carente. Os Wihners eram tão importantes em sua vida que sentia-se emocionada apenas em pensar nisso. Sua gratidão a eles era imensa, por terem acolhido-na sem julgamentos ou restrições, apenas como parte da família.
— Milady, concede-me a honra dessa dança? – Thomas fez uma breve mesura, tirando-a de seu transe.
Ainda perdida entre os pensamentos e as emoções, assentiu e lhe estendeu a mão. Ele lhe ofereceu um doce sorriso de canto, o qual fazia seu coração falhar miseravelmente como o de uma boba apaixonada.
No minuto seguinte, ele diminuiu a distância entre os dois e arqueou as sobrancelhas.— Minha irmã estava lhe ensinando a valsa, certo?
— Sim.
— Então darei continuidade – Ele fez uma pausa e ergueu a voz para que pudesse ser ouvido do outro lado do ambiente – Papai, por gentileza, toque a música do seu primeiro baile com a mamãe.
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Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2
RomanceEle voltou. Sete anos se passaram, mas agora ele está de volta. Ainda que não fosse o mesmo, ainda que fosse um homem e não mais um jovem perdido, ainda que que houvesse passado por coisas horrendas, ele voltou para o seu lar. Não podia fugir para s...