CAPÍTULO VINTE E NOVE 🍁

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Enquanto era guiada até a pista de dança, Margot sentiu uma alegria intensa brotar dentro de si. Era a primeira vez que chamava a atenção de um homem daquela maneira. Seu coração falhou no minuto seguinte, quando lembrou que ainda precisava contar a ele suas origens. Órfão, sem títulos e criada por uma solteirona. Ele aceitaria conviver com isso ou desistiria assim que soubesse?

O Sr. Daniel Deltknan era alto, másculo e cheirava bem. Seu cabelo era liso e seus olhos eram grandes, ambos de um tom escuro. Sua postura transmitia confiança e sua voz era um som muito agradável. Será que seu caráter era tão admirável quanto sua aparência? Ela esperava que sim. Conseguiu imaginar como seria se fizesse aquilo mais vezes, permitir-se ser guiada por ele. Ela prendeu a respiração.

Enquanto andavam, percebeu que atraíam olhares. Alguns cavalheiros pareciam surpresos e curiosos, outros deram de ombros, enquanto as damas que tomavam chá de espera na beirada do salão suspiravam por não estar no lugar dela. A Srta. Mariah Davies, a mesma que liderava seu grupo de amigas na infância e lhe dizia coisas ofensivas, a olhou de uma maneira tão fria que poderia tê-la congelado ali mesmo. Margot sentiu um arrepio subir por seu corpo e fingiu ignorar a atenção dela.

Quando estavam prestes a chegar na pista de dança, seus olhos foram atraídos para outra direção. No meio da multidão, estava ele. Thomas Wihners, trajando um esplêndido paletó azul escuro com detalhes dourados, parecendo um rei. Margot sentiu as pernas fraquejarem. Ela sabia que mesmo sem aquele traje ele ainda era impressionante.

Alguém o cumprimentou, o que a levou a entender que ele havia acabado de chegar. Então, ela viu. O braço dele estava entrelaçado com o de Faith, tão pequena que mal podia ser vista entre as outras pessoas, mas estava lá, ao lado de Thomas. Será que os dois haviam chegado juntos, como ele havia feito com Margot dias antes? Ela franziu a testa dolorosamente ao observá-los do outro lado do salão.

— Está tudo bem? – Indagou Daniel, fazendo-a voltar para a realidade.

— Sim, está – Mentiu, posicionando-se na frente dele para iniciar a coreografia.

— Não – Ele disse quando as primeiras notas musicais ecoaram – A senhorita não parece estar bem.

Ela abaixou o olhar, sentindo a mão dele tocar sua costa lentamente.

— Está doente?

Ela negou.

— Então deve estar com medo de que eu pise no seu pé.

Ela sorriu.
Ele tinha o dom de colocar um sorriso no rosto das pessoas? Aparentemente, sim, e ela gostou daquilo.

— Eu danço desde os sete anos. Minha mãe morreu no parto e meu pai era médico, sempre tinha algum paciente e por isso passava a maior parte do tempo fora. Na verdade, acho que ele apenas não queria ficar comigo – Contou ele, baixinho, enquanto movimentavam os pés sicronizadamente para um lado e depois para o outro – Eu ficava sozinho em casa. Havia os criados, é claro, mas eles pareciam ter pena de mim e a última coisa que eu queria era me sentir um coitadinho.

— Entendo – Sussurrou Margot.

— Um dia visitei meu tio na Espanha, e ele me levou para um baile informal, onde todos festejavam alegremente. Nunca esqueci-me daquela noite, foi esplêndida. As danças me deixaram tão encantado que assim que cheguei em casa, fui para o meu quarto dançar. Eu me encontrava em cada passo e, mesmo sem música, sentia a vibração em minhas veias. Dediquei-me a todos os tipos de dança, aguardando ansiosamente a maioridade para poder frequentar os bailes.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora