CAPÍTULO QUARENTA E DOIS 🍁

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— Não precisa se preocupar, eu já disse – Assegurou Hugo, sentando-se na cama – Até parece que nunca viu uma pessoa emagrecer. Eu estava mesmo um pouco acima do peso...

— Hugo, você perdeu dez quilos dentro de duas semanas – Thomas arrastou as palavras, ficando cada vez mais alterado com a tentativa de Hugo em disfarçar a própria situação.

O outro suspirou, sabendo que não havia como distorcer aquele fato.

— Tudo bem, eu entendo o motivo de você estar alterado. Não é normal uma pessoa emagrecer tão rápido e... – Ele parou para tossir e fez uma careta quando sentiu o peito doer.

— Você não está comendo – Os olhos de Thomas ficaram inevitavelmente úmidos – Você precisa se alimentar se quiser continuar vivo.

Foi obrigado a reconhecer que aquelas palavras foram duras. Mas ele não queria perder seu melhor amigo, o desespero em sua voz era nítido. Nunca havia sentido aquilo antes.

— Eu vou ficar bem, cara – Hugo deu de ombros – Confie em mim.

— Promete? – Tom sentiu o nó em sua garganta ficar ainda mais difícil de segurar. Sabia que estava parecendo uma criança, mas queria desesperadamente uma certeza de que tudo ficaria bem. Estava andando tão exausto ultimamente, a enfermidade de Hugo parecia se agravar ainda mais e aquilo o deixara desgastado também.

— Eu prometo – O amigo abriu um sorriso fraco, a boca visivelmente ressecada – Não ache que vai se livrar de mim assim. Temos uma faculdade a nossa espera, e não vou permitir que jogue xadrez com outra pessoa. Sou o único que pode ganhar de você em todas as partidas.

Thomas riu um pouco, então um ataque de tosse tomou conta de Hugo. O Sr. e a Sra. Klent entraram no quarto rapidamente, pareciam estar por perto quando ouviram o barulho agonizante de tosse.

— Chame o doutor! – A Sra. Klent ordenou ao criado que passava perto do quarto – Vamos, vamos!

As olheiras abaixo dos olhos fundos davam a entender que ela não vinha tendo boas noites de sono. Thomas não conseguia imaginar o tamanho da angústia deles vendo o filho piorar a cada dia, sem conseguir sequer levantar da cama. Ele olhou para um, então para o outro, e seu corpo gelou ao sentir o peso da situação.

— Onde está Faith? – Perguntou em um sussurro, lembrando-se da mais nova.

— Ela está pintando, no andar de baixo, filho – Disse o Sr. Klent, os olhos suplicantes.

Thomas assentiu, vendo a Sra. Klent deitar Hugo com cautela novamente nas almofadas macias.

— Você precisa descansar, meu amor. A mamãe e o papai estão aqui com você, vai ficar tudo bem.

— Thomas – Sussurrou Hugo, fazendo-o parar no mesmo instante – Cuide dela por mim.

Tom assentiu, descendo as escadas rapidamente. A angústia dentro de seu peito crescia a medida que seus pés avançavam pela casa. Quando ele abriu uma enorme porta branca, deparou-se com Faith sentada no chão, cantarolando uma canção gentil e as bochechas sujas de tinta. Ela ergueu o olhar quando o viu e abriu um sorriso simpático.

— O que faz aqui, Tom? – Seu sorriso foi desaparecendo aos poucos quando percebeu que nele o semblante evidentemente abalado – Ele... Ele m-orreu?

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora