CAPÍTULO QUARENTA 🍁

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Margot empurrou os ovos mexidos  de um lado para o outro em seu prato com o talher, encarando-os sem nenhuma vontade de comê-los. Estava nervosa, e não conseguia sentir fome nesses momentos. Sua inquietação silenciosa logo chamou a atenção de sua tia, que ao perceber, parou de mastigar e a encarou.

— O que há de errado com você?

Margot saiu do transe e a olhou, piscando de maneira confusa. Olhou para o relógio por cima dos ombros da mais velha, indicando que era oito e quarenta e cinco. Ela voltou a olhar para Martha e pigarreou.

— Estou sem apetite.

— Hum... – A outra disse, apenas, voltando a mastigar. Entretanto, não tirou os olhos da sobrinha – Posso pedir que preparem outra coisa se não quiser os ovos...

— Não será necessário – Afirmou de maneira vaga, balançando o pé em ritmo frenético por baixo da mesa.

O Sr. Nick havia dito para impedir que sua tia saísse até nove horas, ou perto disso, caso não conseguisse. Ela era boa, conseguiria disfarçar sua ansiedade e faria com que tudo ocorresse conforme o esperado...

— Encontrei o Sr. Deltknan mais cedo, ele parecia meio pensativo. Acha que tem alguma coisa o perturbando?

Margot inclinou a cabeça para o lado ao ouvir a pergunta. Uma conversa seria uma ótima oportunidade de manter sua tia longe do jardim, e o Sr. Nick teria mais tempo para preparar tudo.

— Ele disse que veio para Skweny a negócios e que acredita estar na reta final, então creio que irá partir em poucos dias – Ela suspirou – Deve estar dando o melhor de si para concluir sua missão e retornar para a sua cidade.

— E você?

— Hum?

— Vai sentir falta dele?

— Ah... – Margot encarou a toalha de mesa, usando a ponta do dedo para fazer círculos invisíveis sobre o pano – Nos conhecemos há pouco tempo, não sei se criamos um laço tão forte para me fazer sofrer com sua partida. Mas ao mesmo tempo, sinto que ele marcou minha vida de uma forma boa.

— Nem sempre é sobre o tempo, mas sobre a conexão. Caso contrário, você não estaria com um olhar tão triste ao falar da partida dele – Martha levou uma garfada de ovos mexidos até a boca.

Margot soltou a respiração e evitou um contato visual direto. Ainda era estranho falar sobre sentimentos com ela, ou com qualquer pessoa. Emoções eram íntimas demais para serem compartilhadas tão abertamente, ao menos para ela. Mas iria tentar.

— Quando nos vimos pela primeira vez, no baile, ele me tratou como se eu fosse uma dama de verdade. A gentileza, o modo como me olhou, a conversa que tivemos... Achei que fosse por ser estrangeiro e não me conhecer, então imaginei que logo fosse me tratar como todos os outros homens dessa cidade.

— Mas não foi isso que aconteceu.

— Não, não foi – Ela comprimiu os lábios – Eu disse a ele que sou órfã.

Seu tom de voz foi baixo na última frase, o que gerou certa tensão entre as duas, mas Martha tentou não deixar transparecer o desconforto.

— E o que ele disse?

— Ele me contou sobre sua vida solitária, e como aprendeu a dançar tão bem – Margot riu – Ele é um ótimo dançarino.

— Pediu algumas aulas de dança?

Ela negou com a cabeça.

— Não preciso, eu sei dançar. Thomas me ensinou.

— Claro – Disse a mais velha, estreitando um pouco os olhos – Muita gentileza da parte do Sr. Wihners, não foi?

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora