- Sim, eu a acompanhei até o centro.
- Ah - Foi o que Faith disse, apenas.
Ela continuou tomando seu chá de maneira serena. Thomas tamborilou os dedos na xícara, inquieto.
- Vou comprar laços amanhã. Quer me acompanhar?
Ele trincou o maxilar.
- Claro.
Ela fez que sim e levou a xícara aos lábios lentamente, fitando a janela. Estava serenando lá fora.
- Vi um cavalheiro sair daqui mais cedo.
- Sim.
Thomas engoliu em seco.
- Houve pedido?
Ela hesitou por um momento e deu de ombros delicadamente.
- Sim.
- Ah - Ele prendeu a respiração.
- Eu recusei - Ela disse sem encará-lo. Em seguida, concluiu com um tom baixo e distante - Já conversamos sobre isso.
Ele desviou o olhar para chão.
Será que Faith aguardava o seu pedido de casamento?- Entendi.
🍁
Deixou a Casa Klent cerca de meia hora depois. A tarde estava fria e nublada, o sol se escondia atrás das nuvens cinzentas como alguém que estava envergonhado e não queria ser visto.
Thomas optou por não ir diretamente para sua casa, ao invés disso, fez um percurso diferente. Foi até a loja de chapéus do Sr. Nick para ver Matt e contar a ele sobre Faith. Seu amigo podia ter conselhos excêntricos de vez em quando, mas era um bom ouvinte. Entretanto, a conversa não durou muito, Matthew precisou voltar ao trabalho e ajudar o velho chapeleiro com os clientes, mas disse que poderiam se ver no fim de semana e falar melhor sobre o assunto.
Thomas saiu e decidiu andar sem rumo pela cidade, queria apenas relaxar um pouco sua mente e tentar não demonstrar o desapontamento que sentia. Seu pai havia saído para resolver negócios, sua mãe estava visitando Lady Wayer, Thalya havia dito que daria uma palestra naquela tarde, George dava aulas de música fora da cidade e Matthew estava ocupado com o trabalho. Ele estava sozinho naquele momento.
Não sentia-se triste, apenas sobrecarregado. Era acostumado com a solidão, por muitas vezes foi a sua única companhia. Thomas sempre fora o refúgio de outras pessoas, mas agora era ele quem precisava se refugiar. E, naquele instante, não havia ninguém.
Um calafrio subiu por todo seu corpo.
Ele sentiu um arrepio estranho na nuca que o fez tremer ligeiramente. Engoliu em seco ao perceber que estava diante do portão do cemitério.Não, não ia entrar naquele lugar.
Uma parte dele estava enterrada ali.
Continuou caminhando, lutando contra a vontade de dar meia volta. Então, parou. Hugo sempre esteve disponível quando ele precisou, seu melhor amigo era também sua válvula de escape nos piores dias. E, se fosse Thomas enterrado ali, sabia que o outro o visitaria com frequência. Se ignorasse aquele portão, estaria sendo um homem completamente frio e sem coração.Minutos depois, atravessou o gramado úmido do cemitério com algumas flores azuis na mão. Andou em passos lentos e trêmulos até chegar na única lápide que de fato tinha relação com a sua própria vida. Thomas não ia naquele lugar há sete anos, desde o enterro de seu amigo. Uma sensação muito estranha o consumiu naquele momento, de modo que ele não conseguiria explicar, apenas sentir.
- Oi, cara. Eu trouxe flores.
Ele as depositou sobre o túmulo com cuidado. Suas mãos tremiam levemente, mas ele não sabia se era pelo frio ou por ter voltado naquele lugar triste e sem cor.
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Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2
RomanceEle voltou. Sete anos se passaram, mas agora ele está de volta. Ainda que não fosse o mesmo, ainda que fosse um homem e não mais um jovem perdido, ainda que que houvesse passado por coisas horrendas, ele voltou para o seu lar. Não podia fugir para s...