CAPÍTULO TRINTA E SEIS 🍁

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— Sentiu-se mesmo ameaçada por mim a ponto de precisar fazer isso? – Margot encostou sutilmente o envelope que havia recebido mais cedo bem no peitoral de Faith.

A outra prendeu a respiração, sentindo o sangue esvair de suas veias.

— Do que está falando?

— Por favor, não tente dar uma de inocente – Exigiu Margot secamente, parecendo decepcionada.

Faith olhou ao redor, preocupada com o fato que estarem discutindo na porta de sua casa. Qualquer um poderia passar por aquela região e avistar exatamente o tipo de situação que renderia inúmeros boatos e comentários desagradáveis. E tudo o que Faith menos queria era sujar a própria reputação ou, por Deus, o nome de sua filha. A Srta. Lynth, no entanto, não parecia tão preocupada quanto ela. Estava tão intrigada com o que a outra havia feito que mal conseguia respirar regularmente no momento.

— Vamos entrar – Pediu Faith com calma, sua voz soou baixa e suave, como a brisa da manhã – Se formos vistas brigando, garanto que não será bom para nenhuma de nós.

— Estamos apenas resolvendo uma situação – Declarou Margot no mesmo tom, como se aquilo fosse óbvio – A qual você nos colocou.

Faith engoliu em seco.

— Não era minha intenção.

— Ah, não? – Riu Margot ironicamente, cansada de ser ferida por pessoas.

— Por favor, vamos entrar...

A jovem Lynth a fitou por um momento, hesitante. Em seguida, assentiu e a seguiu casa adentro, aconchegando-se na sala de estar informal minutos depois. As duas estavam a sós no cômodo, de modo que poderiam dar continuidade ao assunto em questão sem que precisassem se preocupar com intervenções alheias.

Apesar da decoração elegante e todas aquelas luminárias, o clima estava denso. A atmosfera parecia diferente.

— Você falou com ele? – Pergunto Faith, sem encará-la. Sentia-se constrangida demais para isso.

— Não precisei – Disse, serena – Eu soube antes mesmo de ler a carta.

Faith tomou coragem e a olhou nos olhos, devido estar surpresa com a resposta dela.

— Como?

— Eu apenas soube. Aliás, queria que eu não descobrisse?

— Margot...

— Sim?

— Eu...

— O que? – Margot arqueou as sobrancelhas, esperando a outra ficar em silêncio tempo o bastante para que pudesse concluir seu pensamento – Não sabe o que dizer, não é? Deve ser porque não se arrepende.

Faith fechou os olhos.

— Eu não queria perdê-lo – Disse ela, suas palavras ecoaram como um sussurro inocente em meio ao caos da situação – Eu o amo.

A última frase criou vida própria e apertou o gatilho, disparando uma bala certeira bem no coração de Margot, sem lhe dar chances para correr ou se desviar. Ela simplesmente foi ferida, e poderia ter sangrado naquele instante, mas não o faria na frente de Faith. Ela não demonstraria sua fraqueza. Independente da dor, havia aprendido a disfarçar qualquer sensação, mesmo que fosse quase insuportável. Com a postura intacta, ou quase, declarou lentamente:

— Isso não vai acontecer. Thomas a quer por perto, ele jamais a abandonaria.

Faith cruzou os braços e caminhou de um lado para o outro, inquieta. Sua estrutura pequena e delicada a fez parecer uma escultura humana feita a mão criando vida própria e mexendo-se sem parar.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora