CAPÍTULO TRINTA E NOVE 🍁

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Após o término da reunião religiosa, o jardim encheu-se de fiéis, que conversavam sem parar como uma multidão de crianças tagarelas. Thomas havia ficado próximo de Margot durante a manhã inteira, mas naquele momento pediu que ela o esperasse perto de um arbusto enquanto ia cumprimentar os Klent.

Faith a olhou de longe e a encarou. Ela fez o mesmo, mas nenhuma das duas ousou dar um sorriso sequer. Ainda era estranho agir como se nada houvesse acontecido. Em seguida, Mariah Davies se aproximou.

- Ora, ora - Disse ela - Veio redimir-se perante a Deus por ser uma pessoa tão insignificante?

Margot a fuzilou com o olhar.

- Estranho, pois eu ia perguntar o mesmo - Respondeu friamente.

Mariah não esboçou nenhuma reação, se não uma risadinha irônica. TÃO irritante.

- Sua amiga não está aqui hoje para defendê-la, não é? - Ela inclinou o corpo para frente e sussurrou lentamente em seu ouvido - Era de se esperar que uma órfão indefesa precisasse de uma babá.

Margot sentiu o sangue ferver ao ouvir aquelas palavras e antes que pudesse evitar, agarrou os cabelos de Mariah e puxou sua cabeça para perto de seu rosto, fazendo-a ficar com o ouvido bem próximo da sua boca. Assim, sussurrou no mesmo tom:

- É de se esperar que uma vaca como você viva em torno de uma única função, atormentar a vida de outra pessoa. Sua vida deve ser tão fútil e entediante que essa é a única maneira de se divertir um pouco.

Mariah a encarou furiosamente e tirou as mãos dela de seus lindos e intocáveis cabelos dourados, os olhos vermelhos de fúria.

- Sua brutamontes - Murmurou um pouco alto demais - Por isso que seus pais abandonaram você, sabiam que seria um fardo! Você nunca será amada, sua menininha de meia tigela.

Aquelas palavras cruéis cortaram a alma e o coração da jovem Lynth, mas não tanto quanto antes. Mariah não tinha mais o poder de humilhá-la como em todos aqueles anos, porque Margot finalmente começava a entender sua importância. Não precisava provar isso para outras pessoas, e sim para si mesma. Ela era alguém, e essa pequena faísca incendiou seu peito. Aproximou-se da dama e pronunciou as palavras de maneira lenta e cruelmente, com uma coragem que nunca havia tido antes para enfrentar sua rival.

- Por isso que seu pai preferiu passar a maior parte do tempo em clubes, jogando todo o seu dinheiro fora em apostas ao invés de aumentar o dote das próprias filhas. Deve ser horripilante conviver com mulheres tão ingênuas e arrogantes, nem um dote de alta quantia recompensaria o esforço que seu marido faria para viver um dia sequer com você.

Mariah entreabriu os lábios, exasperada, e esqueceu-se de todas as regras de etiqueta que havia aprendido durante anos para manter uma boa reputação. Diante de uma multidão religiosa, observada por dezenas de olhares surpresos e com todo o ódio que espumava dentro de si, desferiu um tapa no lado esquerdo do rosto da outra jovem. Algumas pessoas arfaram com o ato, outras começaram a murmurar entre si.

Margot fechou os olhos e abriu um sorriso simpático em seguida.

- Quer tentar de novo? - Perguntou calmamente, arqueando as sobrancelhas - Achei que fosse para doer, não para fazer cócegas.

A Srta. Davies cerrou os punhos. Seus olhos vermelhos e úmidos analisaram o cenário ao redor, fazendo-a cair em si. Havia agredido uma dama no jardim da igreja.

- Seu verme - Sussurrou ela em um tom ameaçador - Eu a odeio.

- Não tenho dúvidas, é recíproco.

Antes que a situação pudesse piorar, alguém se aproximou e tocou o ombro dela. Margot virou-se de repente e sentiu seu corpo ser erguido no ar, sendo colocada sobre um ombro largo e macio.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora