Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2

CAPÍTULO DEZESSEIS 🍁

— Ela perdeu um bebê?

— Infelizmente – Suspirou Thomas.

Matthew parecia muito surpreso e realmente sentido pelo ocorrido.

— Sinto muito, deve ter sido um momento muito desagradável – Disse ele em tom de consolo.

— Nenhum de nós esperava por isso – Thomas fechou os olhos e massageou a têmpora, sentado na cadeira acolchoada do clube. Então, completou baixinho – Muito menos eu.

Matt piscou algumas vezes, fazendo um breve silêncio em respeito ao luto da família Wihners. Em seguida, acomodou-se um pouco mais na poltrona de couro. Os dois não eram do tipo que bebiam ou que seduziam mulheres. Preferiam um baile decente, um jantar, um passeio no parque... Porém, naquela noite, o clube serviu muito bem para aliviar a mente. Havia uma parte separada, na qual eles e outros cavalheiros mais reservados estavam, com poltronas aconchegantes, estantes de livros decorativas e uma paz convidativa. As mulheres e a libertinagem ficavam para o outro lado, um tanto distante deles.

Matthew limpou a garganta antes de falar.

— Bem, sua irmã está casada, eu perdi a chance de ser seu cunhado.

Thomas ergueu um pouco o olhar para encará-lo e abriu um breve sorriso apenas com o canto dos lábios.

— Em Skweny tem muitas mulheres, tenho certeza que você vai chamar a atenção delas.

— Claro que vai – Um cavalheiro sentado em uma das poltronas próximas deu uma risadinha – Quem não chama atenção sendo assim? É provável que chame a atenção de todos, não apenas de mulheres.

Algo no tom de voz dele deixou claro que havia sarcasmo, ofensa e repulsa de sua parte. Thomas virou-se para o homem, o encarou por um breve momento e quando falou, sua voz soou firme e esclarecedora.

— Decerto que ele chamará a atenção de alguma mulher, mas porque é um homem bom e honesto. Uma dama sábia o escolherá como marido pelo seu caráter, e não por sua aparência, que de forma alguma está abaixo da nossa. Pelo contrário, estou certo que, se analisarmos pelo exterior, um homem como ele tem mais respeito do que o nosso, o senhor não acha?

O homem bufou.

— Ora essa...

— Eu não sei quantas pessoas aceitaram suas piadas ofensivas sem sequer ousar respondê-lo, mas quero deixar bem claro que somos diferentes e não vamos aceitar esse tipo de insulto – Continuou Thomas, sentindo o sangue ferver – E não lembro de ter chamado o senhor para a nossa conversa em momento algum, então além de canalha, pare também de ser intrometido.

O cavalheiro fez uma cara feia, ameaçando levantar para encarar o Sr. Wihners fisicamente, mas desistiu assim que Matthew ficou de pé e o olhou nos olhos.

— Se o senhor não gosta da cor, sugiro que levante dessa poltrona de couro em que está sentado, pare de tomar seu conhaque, evite olhar para as prateleiras de madeira e até mesmo para a mesa em que seu braço está apoiado, porque quase tudo aqui é marrom. Mas se o problema for comigo, podemos resolver agora mesmo – Matt declarou.

O homem se encolheu diante do convite ameaçador. Foi inesperado e libertador quando a dúzia de cavalheiros presente, que presenciou a cena em pleno silêncio, começou a bater palmas.

— Foi o que eu pensei. O problema não está nos negros e outras pessoas a quem você ofende, e sim em você – Matt concluiu, ainda olhando para ele. Então, observou ao redor e fez uma breve reverência com a cabeça – Tenham uma boa noite, cavalheiros.

🍁

Se tem algo que todos deviam saber, é que notícias se espalham muito rápido. E não foi de se espantar que, dentro de três dias, praticamente toda a cidade sabia que Thomas Wihners havia voltado. Alguns fizeram uma visita, sendo a maioria de mães com interesse em casar suas filhas com um homem tão humilde e encantador. Ele tentou não demonstrar que havia percebido as segundas intenções de algumas delas, mas era quase impossível não se sentir constrangido com certas atitudes. Aquelas senhoras o enchiam de elogios e praticamente empurravam suas filhas para cima dele. Essa não era a recepção calorosa que ele estava esperando.