CAPÍTULO QUARENTA E SEIS 🍁

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O que? – Thomas arregalou os olhos, desabando no sofá como a própria Martha fizera minutos antes.

A mulher fechou os olhos e cobriu o rosto com as mãos.

— Eu deveria ter dito antes, mas... – Ela começou a chorar.

Carter, o mordomo, ficou sem saber o que fazer diante daquela situação.

Thomas acariciou as costas dela de maneira suave, tentando acalmá-la.

— Acredito que haja motivos para a senhorita não ter contado.

— Eu sou a pior mãe do mundo.

— Não, não é – Ele soltou a respiração lentamente – Não posso negar que foi um erro ter mentido durante todo esse tempo, mas sempre há dois lados em uma história. Deve haver uma explicação para isso, e espero que possa contar para a Margot.

A mulher fungou, tremendo.

— Eu gostaria muito. Mas temo o que possa ter acontecido com ela... Ah, Thomas, e se a minha menina estiver em perigo?

O corpo dele estremeceu.
Também temia que algo pudesse ter acontecido. Levantou-se com cuidado e foi até a mesinha, observando as xícaras. Pegou uma delas, levou até o nariz e inalouo aroma da bebida. O cheiro estava bom, e o gosto também. Pegou a outra e fez o mesmo, detectando um gosto meio amargo.

— Tem alguma coisa no chá – Disse, indicando o objeto de porcelana em sua mão – Está amargo.

— A Margot costuma tomar chá sem açúcar, por isso não deve ter percebido.

Thomas analisou a bebida, concentrado, e ficou em completo silêncio. Era o que acontecia quando colocava suas faculdades mentais para funcionar a fim de descobrir algo.

— Sonífero – Pronunciou baixinho.

Martha franziu a testa.

— O que?

— Um sequestro, acredito.

— Sequestraram a minha Margot?

— Presumo que sim – Ele torceu o lábio, procurando por mais alguma coisa que pudesse esclarecer o ocorrido.

— O senhor tem alguma ideia do lugar para onde a levaram?

Ele balançou a cabeça.

— A única coisa que posso afirmar é que saíram de Skweny. Quem quer que esteja por trás disso, traçou um plano muito bem pensado – Ele levou a mão ao queixo, pensativo – Estamos recebendo muitos estrangeiros devido a temporada de outono, uma desculpa perfeita para se infiltrar na cidade de maneira despercebida. Portanto, assumo que a pessoa tenha vindo de longe, mas não descarto totalmente a possibilidade de estarem em alguma cidade vizinha.

Carter e Martha ouviram com atenção a descrição dele, enquanto Liam o olhava, admirado.

— Elen, como a mulher disse que chamava, é uma completa desconhecida para os moradores de Skweny, pois estava ciente de que poderia ter sido vista entrando na Casa Lynth e mesmo assim veio até aqui sem se dar o trabalho de esconder sua identidade. Ela pretendia vir uma única vez, para assim que levasse Margot, não retornar.

Martha ficou pálida, ouvindo Thomas prosseguir.

— Mas... Se analisarmos melhor a situação, ela não poderia ter feito tudo isso sem a ajuda de alguém. Como ela saberia informações pessoais da vida da Margot se era a primeira vez que a via? Boatos se espalham, claro, mas ela não poderia executar um plano desse com informações vagas. E se a senhorita estivesse aqui essa manhã, seria difícil ocorrer conforme o esperado. Ela esperou a sua saída, ou...

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora