CAPÍTULO VINTE E TRÊS 🍁

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O dia havia começado bem. Na mesa para o café da manhã, sua tia parecia muito feliz e, céus, nervosa. Uma mulher de cinquenta e um anos estava nervosa para jantar com um cavalheiro. Margot riu. Era tão bom ver algo dando certo para uma pessoa amada. Não conseguia acreditar como algumas pessoas se permitiam ser dominadas pela inveja, pelo egoísmo ou rancor. Ela se alegrava com a conquista alheia, principalmente quando se tratava de Martha.

À tarde, saiu para caminhar no parque, sentindo lá no fundo o desejo de se esbarrar com Thomas e conversar com ele, como vinham fazendo ultimamente. Porventura, acabou encontrando o amigo dele, Matt, com quem teve um diálogo muito agradável e no meio desse foi informada de que Thomas estava passando a tarde com Faith. Ela trincou o maxilar, tentando poupar-se da dose de frustração.

— Eles estão bem próximos ultimamente, não acha? – Perguntou, apesar de saber a resposta.

— Os dois se conhecem há muito tempo, pelo que sei, e Faith é como uma irmã mais nova para ele.

Ela considerou educação o Sr. Matt ter medido suas palavras quando poderia ter sido franco. Provavelmente ele já sabia que Margot nutria sentimentos por seu amigo.

— Como ele era? – Ele perguntou, mudando a rota do assunto – Hugo Klent. Todos falam dele com tanto carinho que me sinto constrangido por não ter o conhecido.

— Ah – Ela soltou a respiração – Ele era mesmo muito querido por nós, o diamante da região. Hugo tinha um coração enorme, era o tipo de pessoa que todos desejam ter por perto. Ele e Thomas eram inseparáveis, pareciam compartilhar o mesmo neurônio, a mesma forma de enxergar a vida. Qualquer mulher faria de tudo para tê-lo como marido, de modo que se tornar a nova Sra. Klent tornou-se um objetivo de vida feminino naquele tempo.

— Até para você?

Ela engoliu em seco, surpresa.
Na verdade, queria mesmo era ser a nova Sra. Wihners, mas ele não entenderia sua história de amor não correspondido desde os doze anos...

— Não – Disse calmamente – Eu o via apenas como um bom amigo.

— Compreendo – O outro contraiu os lábios, pensativo.

Estavam caminhando um ao lado do outro, Matthew semelhante a um gigante perto de Margot, que mais parecia uma boneca.

— Ele sofreu tanto – A voz dela ficou levemente embargada ao pronunciar a frase – Thomas, eu quero dizer.

Ele fez que sim, assumindo um ar melancólico junto com ela.

— Ele sempre teve um sorriso fácil e carismático, mas quando Hugo se foi... Thomas perdeu o brilho. Tudo aquilo que transmitia luz tornou-se obscuro e inalcançável. Ele não sorria, não conseguia olhar nos olhos de alguém, passou a sair menos de casa, nem sequer pronunciava uma frase com mais de cinco palavras. Ele não chorou, e isso foi o mais preocupante. Parecia que toda aquela dor estava armazenada dentro dele e o corroendo diariamente. Eu me sentia mal ao vê-lo, e então, ele sumiu.

Os dois pararam, sentando em um banco que ficava bem debaixo de uma árvore, a qual algumas folhas se encontravam amareladas e outras em tom de marrom. Era outono. Tudo ali caracterizava-se de acordo com a estação atual, era uma cidade de beleza única. Qualquer romântico alheio adoraria morar em Skweny.

— A notícia de seu desaparecimento comoveu a cidade inteira. Thalya ficou desamparada, não deve ter sido fácil perder um grande amigo e o irmão em tão pouco tempo.

— Assim como a Srta. Faith.

Margot fez que sim, abaixando o olhar.
Um breve silêncio se estendeu entre eles.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora