Ele estava bem ali, na frente dela. Thomas Wihners, o irmã da sua melhor amiga, que havia passado sete anos fora, simplesmente estava bem ali. Ela sentiu que o ar estava desaparecendo e seus pulmões começaram a sentir falta dele.
- Thomas? - Sussurrou, após o que pareceu ser uma eternidade. Ele estava olhando fixamente para ela, parecia analisar cada parte de sua expressão, como se ela fosse única no mundo.
Apesar de desejar ser olhada daquela maneira, principalmente por ele, que era seu grande amor, estava sentindo-se um pouco constrangida com tanta atenção voltada para si. De repente, como se o momento tivesse perdido um pouco a magia, ele disse:
- Você mudou muito. Para melhor, é claro.
Ela assentiu, um pouco tímida.
Aquilo estava mesmo acontecendo?- Obrigada - Sussurrou. Ela poderia ter dito apenas isso, mas, porque gostava de verbalizar o que pensava de bom sobre alguém, continuou - Você também.
Ele abriu um sorriso amigável, quase irônico, na verdade.
- Não para melhor, presumo. Ganhei cicatrizes, rugas e barba. Pareço uns cinco anos mais velho, no mínimo.
O comentário a fez sorrir.
Ele parecia o mesmo de sempre, seu ar leve e bem humorado contagiando o ambiente. E ela sempre o achara bonito, mas agora sua beleza parecia um pouco mais... Madura. Ou não. Ele ainda tinha uma aparência jovem e atraente. Suas bochechas ficaram sutilmente coradas ao pensar nisso. Não diria aquilo em voz alta, não era do tipo que elogiava cavalheiros de maneira tão direta.- Como ganhou as cicatrizes? - Perguntou, tentando mudar o rumo do assunto, e também porque queria mesmo saber. Com certeza havia muita coisa para contar.
Ele a olhou por um momento, mas não com tanta intensidade como fizera anteriormente. Isso a deixou um pouco nervosa. Será que estava sendo invasiva com a pergunta? Ser curioso é algo natural do ser humano, disse para si mesma na esperança de consolar-se após a reação hesitante dele.
- Não quer sentar, Srta. Lynth?
Ela assentiu.
- Por favor.
E então ele conseguiu resumir sete anos em menos de uma hora. Contou sobre a nova vida e como foi difícil se adaptar no início, sobre sua entrada e parte da jornada na Universidade, e até mesmo sobre seu emprego, dizendo que seu patrão o achava um assistente muito eficaz. Ela sorriu ao ouvir essa parte. Com toda a dedicação que ele tinha, certamente seria difícil achar outro ajudante tão bom.
Ele também contou sobre a guerra, e
Margot ficou extasiada com todas aquelas histórias, esquecendo-se até mesmo que tinha alguém sob cuidados médicos lá em cima, e que esse alguém era sua melhor amiga. Ela e Thomas estavam emocionalmente abalados quando se encontraram na sala de visitas, e a conversa ajudou a aliviar esse peso.Ela fez alguns comentários enquanto ele descrevia os fatos, mas tentou não interrompê-lo com muita frequência. Ele parecia não se incomodar quando ela fazia alguma pergunta ou expressava sua opinião sobre tal assunto, mas ainda assim ela achou melhor ficar ouvindo com atenção. Por fim, quando um breve silêncio pairou sobre o cômodo, ele suspirou e disse:
- Obrigado por ter cuidado dela durante todo esse tempo. Significa muito para mim, de verdade.
Margot o encarou por um instante. Os dois estavam dividindo o mesmo sofá, mas mantinham uma distância consideravelmente respeitosa. Se eles fossem mais próximos, ela poderia ter tocado sua mão. Mas o toque pareceu íntimo demais para uma relação tão rasa quanto a deles. Então, apenas mordeu o lábio inferior e soltou a respiração em seguida.
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Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2
RomanceEle voltou. Sete anos se passaram, mas agora ele está de volta. Ainda que não fosse o mesmo, ainda que fosse um homem e não mais um jovem perdido, ainda que que houvesse passado por coisas horrendas, ele voltou para o seu lar. Não podia fugir para s...