CAPÍTULO VINTE E CINCO 🍁

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Na noite anterior, após o jantar com o Sr. Nick, ela lera algumas cartas e sentiu sua vida imaginária com Thomas desmoronar aos poucos, visto que agora ele estava quase noivo e suas chances estavam, oficialmente, acabadas. Não que ela tivesse alguma, mas preferia acreditar que sim. Sem perceber o sono chegando, adormeceu com a porta trancada e o baú amadeirado bem ao seu lado. Somente de manhã, quando uma criada tentou abrir a porta e fez barulho ao forçar a fechadura algumas vezes, que ela se deu conta daquilo. Abriu os olhos rapidamente e sentou-se, meio sonolenta.

- Está trancada - A criada disse do lado de fora, provavelmente para outra criada.

- Pegue a chave reserva - Disse a outra.

Margot deu um salto e guardou todas as cartas de volta no baú apressadamente, verificando se havia fechado bem seu mini esconderijo no piso.

- Estou acordada - Disse, tentando tranquilizar as criadas que tentavam entrar - Só um instante.

Arrumou depressa a coberta da cama, olhou-se no espelho e fez uma careta. Seu cabelo estava completamente bagunçado, o traje ainda era o mesmo que havia usado no jantar da noite anterior - agora visivelmente amarrotado -, e não a camisola que costumava vestir para o descanso. Ela soltou a respiração e foi até a porta, abrindo-a com um sorriso falso. Não se importou com a própria aparência diante das criadas, elas a viam todas as manhãs, quando entravam em seu quarto para abrir as cortinas, separar sua roupa, preparar seu banho...

- Bom dia - Disse - Perdoem-me pelo ocorrido. Eu estava com tanto sono que acabei trancando a porta ontem à noite e esqueci de abri-la novamente.

As duas piscaram, encarando-a.

- O café da manhã será servido em meia hora, a senhorita quer ajuda?

- Eu preciso de apenas alguns minutos para me arrumar, em breve descerei para o desjejum, obrigada.

Em seguida, as criadas se retiraram e ela voltou para dentro do quarto; escovou os fios dourados de seu cabelo e trocou de roupa, optando por um delicado vestido azul claro para aquela manhã. A temperatura parecia plausível, não muito baixa a ponto de precisar usar um traje mais aquecedor. Demorou cerca de trinta minutos até estar pronta, exatamente o tempo que a criada havia falado que serviria a refeição. Entretanto, não estava faminta.

Talvez fosse por esse motivo que ainda não havia descido. Olhou-se no espelho outra vez, pensativa, então lembrou-se de sua tia. Era estranho pensar que uma mulher como ela estivesse vivendo um romance, mas Margot sentia-se extremamente feliz com tudo aquilo. Quanto à ela mesma, não sabia ao certo se conseguiria casar-se naquela temporada. Ou em qualquer outra.

As palavras de Faith sobre focar em si mesma, não procurar desesperadamente por um marido e sim permitir que ele a achasse fazia todo sentido, mas quando colocadas em prática, não era tão fácil. Havia funcionado para Faith, afinal, após recusar tantos pedidos de casamento, seu príncipe encantado havia finalmente a encontrado.

Margot engoliu em seco. Infelizmente, era o príncipe dos seus sonhos, mas a vida era um pouco dura de vez em quando, ela sabia muito bem disso.

Ela costumava ler romances e gostava de acreditar que o amor era algo mágico, impactante, inesperado e, ao mesmo tempo, sutil. Era como caminhar até a janela de seu quarto em uma manhã qualquer e, então, seu olhar se encontrar com o de outra pessoa, a quem seria seu eterno e verdadeiro amor. Ela suspirou, andando até sua janela e passando a mão para limpar o embaçado do vidro. Foi então que ela o viu. Thomas estava bem estava ali, em seu campo de visão, parado na calçada e observando fixamente a Casa Lynth.

Ela ficou boquiaberta. Ele olhava em sua direção, mas era como se não a visse. Parecia curiosamente encantado com a construção ou algo do tipo, porque não parava de olhar para o lugar. Estava perdido nos próprios pensamentos. Ora, que engraçado. Ele era tão... Admirável.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora