Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2

CAPÍTULO DEZESSETE 🍁

Margot havia recebido um convite para jantar na Casa Wihners naquela noite, e passara o dia tentando escolher um traje que a deixasse bonita. Em parte, porque sabia que apesar de ser um jantar informal, seria bom estar arrumada, mas também porque Thomas estaria lá. Era impossível pensar nele e não se sentir um pouco nervosa. Portanto, tomou um banho de trinta minutos e passou perfume com mais cautela, deixando que o cheiro adocicado ficasse impregnado em sua pele.

Olhou-se no espelho e pensou em um penteado diferente, ou até mesmo uma maquiagem mais chamativa, mas lembrou a si mesma que aquela não era ela. Não podia se forçar a ser outra pessoa apenas para tentar impressionar alguém. Por fim, deixou sua aparência natural prevalecer e aceitou a ajuda do lacaio ao subir na carruagem. Apesar de a Casa Wihners ser ali perto, não era seguro ir caminhando durante a noite.

Dentro do veículo, seu peito subiu de maneira um pouco exagerada quando puxou o ar e desceu lentamente quando expirou.

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Assim que ela entrou por aquela porta, sentiu o olhar dele focar em sua direção. Era tão estranho e, ao mesmo tempo, tão satisfatório saber que ele havia voltado. Ainda mais pelo fato de ele realmente parecer prestar atenção nela, mesmo que apenas como uma amiga, o importante é que podia manter algum tipo de relação com ele, e isso já era o suficiente.

Era um pouco frustrante pelo fato de ele não saber praticamente nada sobre ela, quando ela sabia quase tudo sobre ele. Sabia que Thomas era um observador nato, prestava atenção aos detalhes e tinha um lado perfeccionista. Que ele gostava de ver as estrelas e preferia chá frio do que quente, apesar de alguns acharem isso estranho – com pouco açúcar, aliás. Quando estava tenso com alguma situação, seu maxilar ficava rígido e a expressão dele ficava mais séria, e também... Tinha a sua caligrafia. Ela adorava observar a caligrafia dele, que mesmo sendo canhoto e ter uma habilidade fascinante de escrever rápido na maioria das vezes, produzia uma letra muito caprichada. Seu L maiúsculo era inconfundível, sempre brincava com o traço superior, transformando a letra em um rabisco muito bonito e enfeitado, como se a desenhasse e não apenas a escrevesse.

Ela abriu um sorriso bobo ao pensar nisso. Não que houvesse recebido alguma carta ou bilhete dele durante sua vida, mas havia visitado os Wihners muitas vezes para ter visto os escritos dele em algum lugar. Às vezes ela se culpava por saber tanto sobre ele. No máximo, Thomas sabia que ela era naturalmente loira, tinha olhos verdes e era órfã. Nada que todos os outros não soubessem. Suspeitava que ele sequer tinha ciência de sua idade.

- Boa noite - Disse, juntando-se a eles educadamente e evitando continuar perdida nos próprios pensamentos - Vejo que estou um pouco atrasada.

Ela não costumava se atrasar muito para os eventos. Na verdade, gostava de ser pontual, ainda mais em uma ocasião tão especial como aquela. Tinha plena consciência de que não estava atrasada, mas pareceu a coisa certa a dizer.

Logo o mordomo anunciou o Sr. Matthew, e Margot percebeu de imediato que era um homem singular: alto e másculo. Com certeza ele seria um general respeitado se seguisse a carreira militar. Apesar da cor exótica, ninguém se importou com esse detalhe. Não era um defeito ou qualquer coisa do tipo, era uma marca única que cada um possuía independente da sua. Em Skweny, as pessoas não davam muita importância para isso. Ao menos a maioria. Lorde Klent, por exemplo, e toda sua família tinha pele morena, e todos eles tinham um lugar nobre e honrado na alta sociedade.

Assim que Thomas o apresentou aos demais, os cumprimentos começaram, e Margot percebeu que apesar da aparência rude e intimidadora por conta de todos aqueles músculos, o Sr. Matthew era apenas um homem gentil e engraçado. Era o tipo de pessoa que falava uma frase e fazia alguém rir, isso a deixou aliviada.