CAPÍTULO QUARENTA E CINCO 🍁

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Margot despertou aos poucos. Abriu os olhos lentamente, mas o ambiente estava muito escuro ao seu redor, a única iluminação era um pouco do luar que ultrapassava uma brecha no teto.

Ela fez um esforço para sentar, sentindo o corpo pesado e dolorido. Sua cabeça também doía, isso a deixou assustada. Arfou ao se deperar com o vislumbre de duas pessoas, a alguns metros, conversando aos sussurros.

Seu coração acelerou.
Seus punhos estavam amarrados por uma corda áspera que os arranhava a cada mero movimento. Enquanto sua memória voltava aos poucos, só conseguia pensar em uma única pergunta: o que havia acontecido no intervalo de tempo entre o momento que adormeceu ao lado de sua mãe, na carruagem, e aquele instante, quando despertou após o que pareceram horas?

Sua mente estava uma confusão, e o fato de o ambiente estar quase que totalmente escuro em nada colaborava. Ela soltou um gemido baixo quando tentou mover sua perna e sentiu o tornozelo latejar com uma pontada de dor. O barulho chamou a atenção das duas figuras presentes.

— Ela acordou – Disse o homem.

— Mas ele ainda não chegou. Vamos aguardar até o amanhecer para começarmos, seria injusto dar qualquer passo sem o Victor – Ordenou a mulher.

— O que fazemos agora?

— A mantenha apagada.

Margot arregalou os olhos ao ouvir passos em sua direção. Queria implorar para que ele não a fizesse desmaiar novamente, mas antes que pudesse ter qualquer reação, sentiu um golpe severo a atingir em cheio, e apagou.

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Ela acordou algumas horas depois, quando a noite já havia dado lugar para o dia. Apertou os olhos lentamente, incomodada com a claridade. Seu corpo parecia ter sido esmagado por um urso feroz, de tão dolorido.

O lugar estava estranhamente silencioso, sinal de que não havia ninguém com ela. Por um momento, sentiu que era a oportunidade perfeita para tentar entender a situação.
Sentou-se, olhando ao redor. O espaço não era muito grande, parecia mais um galpão abandonado. A alguns metros, havia uma porta de ferro, como se fosse uma espécie de cativeiro. Se o lugar de fato servia para isso, então provavelmente ficava localizado em alguma parte reservada da cidade, menos frequentada. Ela olhou para uma brecha no teto e percebeu que era rodeado por árvores.

Não conhecia aquela parte de Skweny, pelo visto, pois não fazia ideia de onde estava.
Em meio a tantas perguntas sobre aquele lugar, olhou para si mesma. Seu delicado vestido azul claro estava amassado, apenas um de seus sapatos ainda permanecia em seu pé, havia uma rasura em sua meia e o seu cabelo... Ela levou as mãos amarradas até a cabeça e tocou suas mechas com os dedos. Seu cabelo se encontrava na mesma condição de seu corpo: precária.

Sentiu pena de si mesma naquele momento, até ser tirada de seus pensamentos ao ouvir o barulho da porta se abrindo.

Para sua surpresa, Elen apareceu, limpa e arrumada como uma dama.

— Bom dia – Disse ela com um sorriso estampado no rosto – Como se sente?

— Péssima – Margot sentiu a garganta ficar seca ao pronunciar suas primeira palavras – O que é isso?

Elen fez-se de desentendida.

— Isso aqui? – Ela indicou o espaço ao redor – Ah, é o lugar em que você vai ficar pelos próximos dias.

— Mãe?

— Eu não sou sua mãe.

Uma estaca imaginária atravessou o coração de Margot com força.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora