CAPÍTULO CATORZE 🍁

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— Sim – Ele respondeu, prendendo a respiração – Sou eu, minha irmã.

Ela abriu um sorriso fraco, então uma lágrima escorreu de seu olho. Mas o que pareceu ser uma forte pontada de dor acabou com seu breve momento de gozo. Ainda assim, ela foi forte o suficiente para sussurrar:

— Eu esperei tanto por você... Isso não pode ser verdade. Você nunca voltou... Você... Ah, Thomas.

Ele sentiu os olhos ficarem úmidos.
George se ajoelhou ao lado deles.

— O que está acontecendo? – Indagou o homem, claramente preocupado.

Thomas lembrou-se de deixar os sentimentos de lado por um momento e assumir um lado mais profissional, focando em identificar o problema da irmã para tentar resolvê-lo o mais rápido possível.

— Tem uma mancha de sangue na roupa dela, Thomas, isso não é um bom sinal – George estava alterado devido o desespero, tocando o ombro do cunhado repetidas vezes enquanto falava.

Minutos depois, ficou claro o que havia acontecido. Tom segurou o rosto dela, tentando mantê-la acordada. Além da dor, sua pressão havia baixado, de modo que ela quase desmaiou.

— Lya, preciso que responda as minha perguntas, está bem?

Ela assentiu.

— Você vinha sentindo náusea ou apetite dobrado durante esses últimos dias?

Ela assentiu novamente.

— Sentiu algo diferente no seu corpo, como na região da barriga ou nos... Ahn... Seios? – Apesar de não ser o momento certo para vergonha, ainda era constrangedor falar sobre aquilo com sua irmã.

Ela fez que sim.
George assistia tudo, em silêncio, com a testa franzida.

— Você sangrou mês passado?

Entre a sequência de respostas positivas, ela então fez que não. Thomas encarou o cunhado por um momento, como se aquilo esclarecesse o ocorrido.

— A de Thalya sempre atrasa – Justificou o outro, contraindo os lábios, ainda muito nervoso.

Thomas fechou os olhos, deu um beijo suave na testa da irmã e disse:

— Vou levá-la para a cama – Em seguida, olhou para o outro – Peça que digam aos meus pais para virem até aqui e procure um médico, por favor.

Apesar de Thomas ter experiência com sangue, machucados e outros problemas de saúde, sua capacitação médica não era tão confiável e segura quanto a de um verdadeiro profissional, por isso George não hesitou ao se retirar para solicitar a presença de algum doutor o mais rápido possível. Tratava-se de gravidez, afinal, e nenhum deles sabia exatamente como reagir...

Assim que o cunhado saiu depressa pelo corredor, Thomas ergueu a irmã no colo com um pouco de dificuldade e a levou escada cima até seu quarto. Ele a olhou, melancólico, sentindo-se muito cansado de repente. Ela havia adormecido, o que considerou ser bom, por fim, pois ao menos poderia descansar e livrar-se daquelas pontadas horríveis. Mesmo com a pele pálida, os cabelos um pouco desgrenhados e o vestido manchado de sangue, ela estava bela.

Era estranho vê-la após tantos anos. Ela não era mais aquela garotinha temperamental e magricela, era uma mulher adulta e parecia ter amadurecido muito ao decorrer do tempo. Era estranho até mesmo pensar que ele estava na casa que agora era dela. Ele suspirou. E ter presenciado o momento em que sua irmã perdeu a criança que estava gerando em seu ventre, ainda que evidentemente não soubesse...

Aquilo foi devastador.
Pensou que sua volta seria um grande motivo de alegria, mas agora sentia-se culpado pela morte do sobrinho que poderia ter vindo ao mundo.
Ele a olhou por mais um longo momento, deitada sobre a cama. Não era uma das melhores visões que alguém gostaria de ter da irmã mais nova, visto que estava tão debilitada, por isso ele saiu do quarto e pediu que as criadas trocassem a roupa dela e os lençóis.

Um raro amor no Outono - Quatro Estações Em Skweny, LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora