Capitulo 2

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Elain estava postada diante da imensa janela dupla de vidro que se abria para a sacada na Casa do Vento, recepcionando os convidados que chegavam para a cerimônia de parceria de Nestha e Cassian. Uma vez que Nestha estava com as amigas em um quarto, se arrumando, e Azriel estava em algum lugar tentando acalmar um Cassian muito, muito nervoso, sobrara para ela a tarefa de receber os convidados e encaminhá-los ao terraço, onde se daria a parte principal da cerimônia. Feyre e Rhys estavam circulando por aí, fazendo as vezes de anfitriões.

Mor chegara pouco antes, linda como sempre em seu vestido vermelho, mas só a Mãe sabia o que estava se passando com ela. A fêmea, geralmente expansiva e comunicativa, serviu-se de uma taça de vinho e estava sentada em um canto, junto de Amren, que ainda emanava um ar de ameaça, mesmo que não estivesse tão poderosa quanto antes da Guerra. Elain podia sentir a tensão em Morrigan, mas não sabia ao certo se era por alguma notícia vinda do continente ou simplesmente o fato de ter que presenciar Cassian declarando sua devoção à Nestha.

Um clarão de luz irrompeu nos céus de Velaris e Elain assistiu, admirada, Hélion, o Grão-Senhor da Corte Diurna, aterrissar na varanda da sacada como se não tivesse acabado de despencar alguns metros, já que os feitiços de proteção da Casa impediam que se atravessasse diretamente para dentro dela.

Trajando uma túnica branca cheia de drapeados e rica em detalhes dourados, sua coroa parecendo se alimentar da luz do Sol - o que, pensou Elain, muito provavelmente era o caso - e o bracelete de ouro em formato de cobra circundando o bíceps que ficava à mostra, o macho sorriu amplamente, gesto que Elain ecoou sem nem precisar se esforçar.

- Tenho que me lembrar de fazer uma visita às tecelãs da Corte Diurna. - Disse, conforme Helion se aproximava.

Ele riu, uma gargalhada alta e cheia de vontade.

- Por esse sorriso, contrato todas as tecelãs da Corte para trabalharem exclusivamente para você. - Chegou perto dela e lhe pegou as mãos. - Mas se me permite dizer, você ficaria linda usando até mesmo uma cortina como vestido. O que, parando para pensar, é uma imagem tentadora...

Elain corou, negando com a cabeça. Helion tinha um charme especial e, embora não se sentisse atraída por ele como se sentira por Azriel, era bom ser elogiada e cortejada dessa forma. Não o encorajaria, no entanto. Estava aos poucos se acostumando com esse jeito féerico de tratar de assuntos carnais, mas sua timidez e pudor humanos ainda levavam a melhor sobre ela.

- Feyre e Rhys estão lá dentro. - Ela se desvencilhou do assunto, usando a frase como pretexto para desvencilhar suas mãos das grandes e bronzeadas mãos de Helion, indicando a grande sala atrás de si.

Não teve tempo de dizer muito mais, porém, antes que outros dois machos aparecessem no céu, caindo em uma queda livre graciosa. Assim que atingiram o chão, apenas um vislumbre de cabelos vermelhos chamou a atenção de Elain antes de sumir, jogando-se sacada abaixo. O macho restante - macho não, percebera Elain, humano, ela já sabia distinguir os cheiros - se aproximava dela e de Helion com um passo determinado.

- Ainda não confio nele. - Helion sussurrou baixo o suficiente para que apenas ouvidos feéricos pudessem ouvir. - Ficarei aqui apenas por precaução, se não se importa.

A fêmea fez um movimento gracioso com a cabeça. O homem não lhe era estranho, mas não conseguia se lembrar de onde o conhecia. Antes que o passo lento dele o trouxesse para perto o suficiente para que pudessem conversar sem que ela precisasse gritar, o borrão vermelho apareceu no céu novamente, dessa vez trazendo algo no colo.

Em uma descida mais calculada dessa vez, o borrão se tornou nítido e Elain ficou tensa, cada fibra, cada músculo e cada parte de seu corpo reconhecendo o macho antes que seu cérebro sequer registrasse o que estava vendo.

Corte de Flores FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora