Elain estava exausta. E isso era uma coisa boa.
Não voltara a dormir na noite anterior, temendo ter outro daqueles sonhos estranhamente nítidos; mas também não podia descer ainda - estava cedo demais até para os padrões dela. Então ficara lá, sentada na cama, abraçando os próprios joelhos e tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse a lembrança daquele sonho. Quando os primeiros raios de Sol finalmente - finalmente - começaram a aparecer, Elain se levantou, lavou-se, vestiu um vestido simples de algodão lilás e foi até a cozinha. Preparou o café da manhã da família e participou de conversas banais com Feyre, Rhysand e Mor. Não queria pensar no que tinha ouvido na noite anterior. Enterrou tudo no fundo da mente e deixaria trancado lá.
Assim que pôde, Elain se despediu da família e foi até a cidade. Passou o dia ajudando duas feéricas que perderam os maridos na batalha contra Hybern a recuperar parte dos jardins danificados. As fêmeas haviam decidido morar juntas para que ficasse mais fácil pagar as contas e criar os filhos de ambas - cada uma tinha um menino adorável - e Elain se sentia grata por poder trazer ao menos um pouco de beleza e conforto à essas famílias que já haviam perdido tanto. Sabia que alguns - sua mãe incluída - diriam que era um trabalho desnecessário e que haviam coisas melhores com as quais se passar o tempo, mas ela gostava. Sempre gostara.
Então sim, estava exausta. Esgotada. Suada e suja de terra. Mal podia esperar para chegar em casa, tomar um belo banho quente de banheira e mergulhar em um sono profundo e, se fosse abençoada, sem sonhos. Mas também estava satisfeita e orgulhosa de si mesma.
Entrando na Casa do Rio, a princípio achou que não houvesse ninguém em casa. Caminhou lentamente, estalando o pescoço de um lado para outro, sentindo os músculos doloridos por passar um dia inteiro trabalhando no jardim. Carregava a bolsa de jardinagem consigo, o peso em sua mão direita mantendo-a fixa na realidade. Começou a subir as escadas, mas a voz suave de Feyre a interceptou.
- Elain? - Ela se virou e viu metade do corpo da irmã para fora da porta da sala de estar. - Se importa de vir até aqui um minutinho? Há assuntos importantes da corte para tratar.
Pensando que Feyre precisava de ajuda com Nyx, Elain colocou todo o cansaço que sentia de lado e imediatamente sorriu para a irmã mais nova, concordando com a cabeça. Deixou a bolsa ao pé da escada - sabia que a magia da casa a levaria até seu quarto - e se encaminhou até onde a fêmea estava.
Parou assim que cruzou o batente da porta.
Todo o Círculo Íntimo estava presente, bem como as Valquírias e, sentando em uma poltrona próxima à janela, com Nyx no colo, estava Lucien. O bebê brincava com um cordão que estava pendurado no pescoço do macho, e Elain tentou não esboçar nenhuma reação mediante a cena.
Sem pensar no que estava fazendo, Elain imediatamente limpou as mãos nas saias do vestido e tentou arrumar o cabelo o mais discretamente possível. Não sabia bem o que fazer. Deveria ir pegar Nyx? Mas ele parecia estar se divertindo...
"Tudo bem", a voz de Feyre ecoou em sua mente. "Você é parte desta Corte, não uma empregada. Sente-se."
Mas ela não sentou. Não estava se sentindo à vontade, e nem ao menos sabia o motivo disso. Aquela era sua casa, certo? Ela já conhecia aquelas pessoas. Mas seu olhar recaiu sobre Amren e Mor, que estavam sentadas lado a lado em um enorme sofá, e ela lembrou do que ouvira na noite anterior. Abraçando o próprio corpo, ficou onde estava.
- Muito bem, agora que estamos todos aqui. - Começou Rhys. Eles estavam esperando por ela? Por quê? - Primeiramente quero parabenizar mais uma vez nossas Valquírias...
Elain então olhou para Nestha, que estava ao lado de Emerie e Gwyn. A voz de Rhysand ficou mais distante conforme ela notava, mais uma vez, o brilho do colar que uma vez fora dado à ela, agora no pescoço da jovem ruiva.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfic"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...