A confusão que se seguiu ao pronunciamento de Lucien ficou a ponto de transformar-se em uma luta corporal quando Naim recusou-se veementemente a aceitar que Elain ficasse como regente. E embora Elain decididamente não confiasse - nem mesmo gostasse - de Naim, tinha que admitir que parte dela torcia para que o macho vencesse o debate contra Lucien.
Ficara desesperada quando Lucien pronunciara a fatídica decisão. Quem era ela para "tomar conta" de uma corte inteira? Elain estava desnorteada. Queria gritar com Lucien, sacudi-lo pelos ombros e colocar a razão em sua mente, tal como fazia Naim. Ela não era ninguém, pelos céus! No entanto, a parte mais externa de Elain, aquela que fora enraizada em sua alma por sua mãe, a manteve calada. Lucien era seu parceiro - seja lá o que isso significava - e, segundo o que lhe fora ensinado, uma dama jamais questionava os meios, motivos ou decisões de seu companheiro, muito menos na frente de outras pessoas. Então ela se calara e ouvira a discussão dos machos e, quando Lucien estava a ponto de perder a infinita paciência com um muito raivoso Naim, Duncan intervira, dizendo que, se Naim fosse rápido e eficiente em sua busca por Tamlin, Elain não ficaria no poder por muito tempo. Isso acalmou o macho loiro o suficiente para que saísse da biblioteca batendo as portas, bradando que encontraria Tamlin nem que fosse a última coisa que fizesse em vida. Cedric o seguiu, fazendo uma mensura para ela e dando um sorriso lateral gentil e sedutor antes de sair do cômodo.
Lucien tentava recuperar a compostura, passando as mãos pelos cabelos meio presos, meio soltos, enquanto andava de um lado a outro e respirava fundo várias vezes seguidas. Duncan foi até ele e, com um apertão no ombro do companheiro, aproximou a cabeça da orelha pontuda de Lucien para sussurrar algo. Lucien, por sua vez, assentiu, e eles trocaram um breve abraço antes de Duncan deixar a biblioteca, acenando com a cabeça na direção de Elain e fechando as portas duplas atrás de si, deixando-a completamente sozinha com Lucien.
Elain não o encarava. Temia que, se o fizesse, diria todas as coisas que rodopiavam em sua mente. Ele estava insano se achava que ela era a pessoa ideal para tomar conta da Corte Primaveril na ausência de todos os seus representantes. A fêmea segurava as saias cor de salmão com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos, e ela suspeitava que pudesse ter feito alguns rasgos no tecido com suas unhas, tamanha era sua inquietação.
- Desculpe por isso. - Lucien disse por fim. Elain permaneceu em silêncio. - Está chateada?
Quando ela não respondeu novamente, o macho ruivo caminhou apressadamente até seu lado, afastou os fios de cabelo castanho-dourado de seu rosto e acariciou sua bochecha.
- Meu bem, olhe para mim. - Ele pediu. Elain não obedeceu. - Elain...
- Eu não tenho nenhum direito de opinar sobre o assunto? - Ela conseguiu dizer, surpreendendo-se com a mágoa em sua voz.
- O quê...?
- Você simplesmente decidiu tudo e nem sequer perguntou se eu queria... Se eu conseguiria ficar no seu lugar. Achei que você fosse melhor do que isso.
Sem saber como, a fêmea conseguiu se levantar e dar dois passos firmes antes que as mãos de Lucien a puxassem pelo cotovelo e a virassem de frente para ele. A confusão estampada em seu belo rosto fez a confiança de Elain vacilar. Mas Lucien era um macho esperto e rápido, tão logo seus olhos se encontraram o macho percebeu o que havia feito.
- Fiz merda de novo, não foi? - Ele suspirou e fechou os olhos com força. - Desculpe, meu bem. Faz muitos séculos desde que tive um relacionamento de verdade. Às vezes me esqueço como é.
Eles estavam em um relacionamento? Elain queria questionar, mas se deteve.
- Tem que me falar o que quer e o que não quer, amor. - Ele abriu os olhos e a encarou, segurando o queixo de Elain para que ela o olhasse de volta. - Não sou Rhysand, não leio mentes. Não posso adivinhar quando estou fazendo ou dizendo algo que você não gosta. Se não quer ser regente em minha ausência, basta me dizer e encontraremos outro jeito.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfic"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...