Aquele cheiro estava insuportável. Torturante e delicioso ao mesmo tempo.
Quando Lucien entrou na cabana, realmente não sabia que Elain o estava observando. Havia saído para se lavar e aliviar o cansaço, então foi pego de surpresa quando o cheiro da excitação dela o atingiu em cheio. E, maldição, o jeito como ela olhou para ele, como se quisesse lamber cada gota de água que escorria por sua pele... Ter aqueles imensos olhos castanhos o encarando com tanto desejo foi, de longe, um dos momentos mais eróticos de toda sua existência. Nem mesmo o fato de terem se beijado e tocado como o fizeram naquela manhã havia sido tão... Maldição!
Mas é claro que, sendo um cavalheiro, não a deixaria desconfortável ao ponto de Elain sentir que ele não a respeitava, então Lucien se contentara com um comentário brincalhão e dera as costas à ela, tentando esconder a ereção que apontava em sua calça.
Agora, enquanto preparava cuidadosamente os peixes que havia pescado antes de se lavar, Lucien usava seu poder para aquecer a pele - não que fosse necessário, pois se sentia quente demais devido aos olhares da parceira - para secar o tronco e os cabelos. Faziam duas horas desde que ele enviara a convocação a todo e qualquer cidadão da Corte Primaveril - em especial os que já foram sentinelas e soldados - que se interessassem pela segurança da Corte a comparecerem na cabana até o raiar do próximo dia. Eles deviam chegar a qualquer momento. Ou ao menos assim ele esperava.
Um som agudo e horroroso o tirou de seus pensamentos. Alarmado, Lucien olhou para Elain, que estava de costas para o macho e havia enterrado as unhas com tanta força no tampo da mesa que deixou marcas de arranhões na madeira. Aquele cheiro inebriante de jasmim e limão ainda emanava dela, mais forte do que antes. Puro instinto guiou Lucien quando ele se levantou e caminhou até a parceira.
- Elain?
Dada a falta de resposta da fêmea, Lucien se aproximou mais.
- Está tudo bem?
Ele podia ver os ombros de Elain subindo e descendo com força conforme ela ofegava. Lucien observou a pele dos braços da parceira se arrepiando conforme ele se aproximava ainda mais, invadindo o espaço pessoal dela.
- Está com frio? - Passou a ponta dos dedos no antebraço direito de Elain, a voz soando mais sarcástica do que gostaria.
- Não exatamente. - Elain finalmente respondeu, arfando.
Era tão bom perceber o quanto o toque dele a afetava. Lucien não conseguiu se afastar, por mais que sua mente consciente gritasse que não era hora para aquilo. Mas seu corpo gritava em resposta "se não agora, então quando?". Não sabia quando teria outra chance dessa e, por mais que corresse o risco de ser interrompido por quem quer que chegasse da convocação, Lucien se viu pousando as duas mãos no tampo da mesa, cercando Elain com os braços e abaixando a cabeça para sussurrar em seu ouvido.
- Me conte o que está acontecendo. Quem sabe eu possa te ajudar com isso.
- E-e-euu...
- Sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? - Lucien moveu suas mãos para ficarem por cima das de Elain, gradativamente soltando os dedos cravados na madeira. - Pode me dizer o que quiser. Pode fazer o que quiser. Jamais a julgarei por isso.
- Não é do seu julgamento que tenho medo. - Elain ofegou conforme as mãos de Lucien subiam por seus braços.
- Então do que você tem medo, Elain?
- Tenho medo do futuro. Saber o que acontece não torna nada disso mais fácil.
- Concentre-se no agora. - Lucien sabia que seu autocontrole estava por um fio, mesmo assim colocou os cabelos de Elain para o lado e roçou a ponta do nariz pelo pescoço delgado.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...