Capítulo 62

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Lucien adorava caminhar com Elain ao seu lado.

Adorava o jeito como a mão dela repousava suave e delicadamente sobre seu braço. Adorava a forma graciosa com que ela se movia. Adorava a forma com que Elain o deixava conduzi-la, confiando completamente que ele a levaria pelos caminhos certos. Elain possuía uma postura delicada, mas decidida. O queixo estava erguido, mas não com um ar superior; Não, ela olhava cada ser nos olhos e sorria, não importava se fossem criados, Grão-Feéricos ou feéricos inferiores. Ao seu lado estava uma fêmea que nascera para ser Senhora de grandes terras, que se portava como uma governante benevolente, e Lucien tinha grande orgulho disso. Ele queria apenas poder ter algo assim a oferecer à ela; terras, propriedades, uma Corte inteira... Era isso que Elain merecia, ela merecia ser Grã-Senhora, nada menos.

Enquanto caminhavam para dentro da Mansão, o macho desejou ardentemente que os tempos fossem mais tranquilos, que não houvesse tantos perigos e problemas para enfrentar. Desejou que tudo aquilo sumisse e restassem apenas os dois. Dois parceiros que agora se conheciam intimamente - e ele nem estava falando sobre sexo.

Tinha uma vaga consciência de Duncan e Naim debatendo atrás deles. Aquela sempre presente pulga atrás da orelha lhe questionava onde estaria Cedric - não via o macho desde o dia anterior, quando foram atacados. Mas nada disso suprimia Elain de seus sentidos. Não sabia o que a noite passada havia significado para ela, mas para Lucien... Havia mudado tudo. Ele lhe contara sobre sua vida, seus anseios, suas culpas. Lhe contara sobre Jesminda... Elain o havia incentivado a relembrar e ouvira atentamente cada palavra que saíra da boca de Lucien, sempre comentando, sempre gentil, mesmo sob a escuridão que os cercava e permeava a alma de Lucien. Ela o ouvira até cair no sono em seus braços. Lucien, por sua vez, não dormiu. Ficou apenas lá, agarrado àquela fêmea, sentindo a respiração suave dela cicatrizar antigas feridas abertas em seu coração.

- Você sabe que não deveria estar cavalgando, não é? - Elain disse, um leve tom de reprimenda em sua voz.

Lucien não tentou impedir o sorriso que lhe esticou os lábios.

- Ah, não?

- Claro que não. - A fêmea lhe dirigiu um olhar de cenho franzido. - Você se feriu gravemente ontem. Precisa descansar.

- Você ficará o dia todo na cama comigo? - Levantou uma sobrancelha e baixou o tom, chegando o rosto próximo à orelha deliciosamente pontuda da parceira para sussurrar. - Porque, se for o caso, a última coisa que faremos será descansar.

O rubor que subiu pelo pescoço de Elain logo cobriu suas bochechas de um rosado adorável. Lucien adorava provocá-la, poderia fazer isso pelo resto da vida e jamais se cansaria - e suspeitava que, se o fizesse, Elain teria a mesma reação todas as vezes. Mas o cheiro que emanou da fêmea traiu sua reação tímida, deixando claro para Lucien que ela gostava disso tanto quanto ele.

- Ah, pelo Caldeirão, não é hora para essas coisas. - Naim interrompeu-os grosseiramente. - Podemos estar perto de encontrar o Grão-Senhor e esses dois ficam de gracinhas um com o outro.

- Não seja ciumento, Naim. - Lucien não se abateu, embora Elain tivesse ficado ainda mais vermelha conforme o grupo entrava na biblioteca da Mansão. - Posso dar um pouco de atenção para você também. - Olhou para trás e piscou o olho de metal para o macho, que revirou os olhos azuis, bufando ao mesmo tempo em que cruzava os braços.

Assim que todos estavam no cômodo, Elain deu um leve aperto no braço de Lucien e graciosamente se desvencilhou dele, caminhando elegantemente até a pintura de parede inteira que representava a criação do mundo. Lucien, por sua vez, pôs-se atrás da enorme mesa que ficava em frente às igualmente enormes janelas, e encarou os dois machos presentes.

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