Lucien passou horas a fio - todo o restante da noite, para ser mais exato - ouvindo Cedric, Duncan e Naim passarem um relatório completo de suas tropas e das condições das aldeias da Corte por onde passaram. Embora sua mente estivesse focada no assunto em questão, seus olhos se demoravam em Elain, estudando cada passo que ela dava por entre aqueles machos na clareira.
Só o Caldeirão sabia a quanto tempo aqueles machos não trepavam, e Lucien sabia muito bem o tipo de efeito que uma fêmea bonita como Elain podia ter em machos assim. Elain não era só bonita, ela era linda, deliciosamente encantadora, e estava realmente cuidando daqueles machos; feridos, esfomeados, esfarrapados e imundos, ou simplesmente exaustos, aquela fêmea provia tudo o que eles necessitassem.
Apesar de preocupado, Lucien também sentia-se agradavelmente surpreso ao constatar que Elain não era exatamente a donzela da alta sociedade que ele pintara em sua mente até então. E, se fosse honesto consigo mesmo, sentia até certo orgulho da parceira estar tão envolvida no cuidado das tropas. Isso dava a eles credibilidade; mais credibilidade do que qualquer coisa que pudessem dizer. As ações dela falavam por si só. Havia ficado completamente atônito quando a fêmea simplesmente saiu da cabana sem nenhum aviso prévio - ignorando sua ordem de manter-se na cabana - e declarado em alto e bom tom que era clarividente. A vontade dele era desmentir a história toda, colocá-la sobre o ombro e atravessar para longe dali. Mas as palavras dela, e agora suas ações, estavam tornando mais e mais possível que a missão não fosse um fracasso total. Ou assim Lucien esperava.
- E há também a questão dos humanos. - Cedric relatou.
Aquilo chamou a atenção de Lucien. Desviando o olhar da parceira, olhou diretamente nos olhos escuros do comandante dos sentinelas que patrulhavam as fronteiras da Corte.
- O que há com os humanos?
Cedric pareceu relutante ao responder.
- Bem... Após a queda da muralha, alguns humanos começaram a questionar a ordem das coisas... Estão formando grupos e invadindo as fronteiras. Fazemos o possível para resolver tudo sem conflitos, mas...
- Os boatos que correm pelas aldeias é de que Tamlin está caçando cada humano que entre em nossas terras. - Completou Duncan, que nunca tivera dificuldade em explicar à Lucien exatamente o que estava se passando.
Lucien lançou outro olhar à Elain, que estava agora acomodando um macho com a perna ferida em uma cama improvisada com algumas folhas e um cobertor no chão. A não muito tempo ela mesma era uma humana, como será que reagiria à essa notícia? E por que diabos ele estava preocupado com a reação dela?
- Não o julgo. - Foi Naim quem reteve sua atenção novamente. O macho havia sacado uma das adagas de seu boldrié e a usava para afiar as unhas pontudas, as quais Lucien já o vira cravar na garganta de muitos oponentes quando as armas lhe faltavam. - Esses imundos estão invadindo nossas terras. Eles acham que só porque não há mais muralha as leis não se aplicam mais? Alguém tem que lembrá-los que não passam de vermes.
Apesar de temer que Elain pudesse ter ouvido a declaração, Lucien não retrucou. Conhecia Naim muito bem. Ele foi um dos guardas mais próximos de Tamlin durante a maldição de Amarantha, e foi o penúltimo a fazer o percurso até as terras mortais em busca da "salvadora", antes de Andras - que Feyre matou e esfolou. A lembrança dos relatos de Tamlin ainda era viva na memória de Lucien e seu estômago sempre embrulhava com isso.
- Isso pode gerar revolta entre os governantes humanos. - Lucien ponderou. - Mas também nos dá uma margem de perímetro de busca.
- Busca? - Duncan, que estava recostado na parede externa da cabana, pareceu surpreso.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...