Elain tinha achado a Corte Diurna fantástica. Linda em toda a sua glória dourada e movimentação frenética. Mas a Corte Primaveril...
Assim que puseram os pés naquela Corte, ela ficou sem fala. Atravessaram bem no meio de um bosque. Seus olhos foram bombardeados com uma infinita gama de cores e plantas e cheiros. O caminho onde eles estavam era sombreado por árvores de jacarandá, cuja profusão de flores era tão densa que várias delas já haviam perdido seu posto nos galhos e formavam um tapete azul e lilás por todo o caminho de terra batida. Elain não conseguia se mover, tamanha era sua admiração. Por onde quer que olhasse, encontrava plantas e árvores e frutos e flores. Ela poderia passar o resto de seus dias catalogando, cheirando, admirando, cuidando daqueles jardins...
- Nunca vi nada tão maravilhoso em toda a minha vida. - Ela arfou, girando ao redor do próprio corpo, sem conseguir conter o sorriso.
Elain ouviu o risinho que escapou dos lábios de Lucien, mas não se importava de parecer boba. Aquele lugar era tudo o que ela havia imaginado pelo que ouviu das histórias de Feyre, muito tempo antes.
- Espere até ver o resto da Corte. - Lucien sorriu quando ela se virou para ele novamente. - Algum dia levarei você a todos os melhores lugares daqui. Mas por hora... - Ele pegou a mão da fêmea e fez um gesto com a cabeça. - Vamos, temos trabalho a fazer.
Lucien a guiou através da trilha de terra batida. As flores de jacarandá que estavam no chão se misturavam a outras folhas e galhos, e estalavam sob seus pés conforme Elain caminhava. Ela não pôde deixar de notar que Lucien caminhava tão suavemente que nem mesmo movia os resíduos no chão. A fêmea estava aprendendo com Nuala e Cerridwen a ser silenciosa desse jeito, mas ainda não havia chegado ao nível que Lucien e as gêmeas exibiam. Estava prestando tanta atenção ao seu entorno que vislumbrou a clareira adiante assim que a luz do Sol ficou mais intensa, indicando que o bosque estava chegando ao fim.
De fato, um entremeado de cipós, galhos e flores de tumbérgia azul formavam um portal de cerca de três metros, indicando a entrada da clareira, que era perfeitamente redonda em um raio de cinquenta metros. Um rio calmo e largo projetava o som de água corrente que aguçaram os ouvidos de Elain. A grama baixa parecia ter sido cortada recentemente - embora Elain achasse que isso se devia mais à magia do que a qualquer outra coisa. E lá, no canto mais distante da clareira, ela viu... Uma pequena cabana de madeira e pedras.
A sensação de voltar no tempo a atingiu com força conforme Elain se lembrava de quando viu pela primeira vez a cabana em que passaria seus anos mais difíceis, mas também os anos em que ela de fato podia dizer que tinha uma família. Era uma família complexa e difícil de lidar na maior parte das vezes, mas era sua família. Elain foi tomada pelas memórias de seu pai entalhando madeira em frente à lareira, ela e as irmãs se aconchegando uma a outra durante os rigorosos invernos. As flores que Feyre tão docemente pintou nas pernas da mesa bamba e na gaveta onde ficavam as coisas de Elain.
Enquanto Lucien e ela caminhavam para aquela cabana, milhares de lembranças passavam por sua mente. O que teria acontecido a elas se, naquele dia, muito tempo atrás, Feyre tivesse recolhido a flecha e não tivesse matado aquele lobo? Com certeza suas vidas seriam muito diferentes do que são hoje. Será que seu pai ainda estaria vivo? Será que elas estariam vivas, ou a fome já teria levado alguma das irmãs Archeron?
- Desculpe, é uma cabana simples, um posto de sentinela. Eu usava de refúgio quando precisava de um tempo sozinho. - Lucien a tirou de seus devaneios.
Apenas agora Elain notou que já haviam entrado na cabana. Era simples, de fato, apenas um enorme cômodo contendo tudo o que era preciso para passar os dias confortavelmente. Havia uma área central contendo uma pequena cozinha com uma mesa de madeira e três cadeiras, bem como a lareira, que cobria metade da parede externa, um sofá de veludo marrom confortável em frente. Uma prateleira contendo uma vasta gama de livros ocupava uma outra parede. A decoração era rústica, apenas algumas almofadas e tapetes. Mais adiante, ao fundo da cabana, havia um local para descanso, com uma cômoda e uma cama simples, mas grande o suficiente para duas pessoas dormirem tranquilamente. Não ousou ir até lá. Caminhou até o sofá e passou a mão nele, notando uma manta dobrada sobre um dos braços.
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Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...