Aquela visão fez os planos de Elain de ignorar Lucien irem por água abaixo. De fato, nunca se sentira tão grata pela presença do macho. Lembrava-se vagamente da visão que ameaçava tragá-la, não fosse pela presença e o toque gentil de Lucien, que serviram como uma âncora, deixando-a conectada à realidade. Era ainda mais grata por ele ter permanecido ao seu lado quando o caos se instaurou na sala de estar da Casa do Rio.
Mal havia aberto os olhos, encarando um olho castanho-avermelhado e outro de metal dourado, disposta a agradecê-lo por ter ficado ao seu lado, quando Nestha irrompeu no cômodo feito um furacão. A Archeron mais velha empurrou Lucien para o lado e tomou o lugar dele, ajudando Elain a sentar-se, disparando um milhão de perguntas por segundo. Não importava o quanto Elain tentasse dizer à ela que precisava repousar, colocar a mente em ordem, Nestha simplesmente não ouvia.
- Dê um tempo à ela. - Disse Lucien, e Elain lhe lançou outro olhar de agradecimento quando o macho se sentou ao seu lado e tomou suas mãos das de Nestha.
- Quem é você pra me dar ordens? - Bradou Nestha, furiosa.
- Nes, calma aí. - Era a voz de Cassian, e Elain olhou para cima, para a montanha de músculos do cunhado, enquanto ele segurava a cintura da parceira e a afastava, dando espaço para Madja passar, enquanto Nestha despejava uma série de impropérios.
Com um sorriso gentil e amistoso, Madja sentou-se do outro lado de Elain e começou uma inspeção minuciosa de sua saúde, fazendo algumas perguntas de rotina, como quantos dedos ela estava vendo, se estava com dores de cabeça ou em alguma outra parte do corpo.
- Só estou um pouco cansada. - Respondeu com um suspiro. Sentia-se sonolenta, com o corpo dormente, como se tivesse passado dias sem dormir.
Madja assentiu e se levantou, lançando um olhar para Lucien.
- Prepare para ela um chá de raiz de valeriana e a faça tomar antes de deitar-se. - Elain sabia que a valeriana era um chá calmante, então supôs que Madja estivesse preocupada que sua aprendiz estivesse em choque ou que talvez a real noção da situação só fosse chegar mais tarde.
- Cuidarei dela. - Lucien assentiu. Elain era grata, embora não se fizesse necessário. Estava sonolenta, não teria dificuldades para dormir - com a graça da Mãe.
Foi apenas quando Madja foi embora que Elain cruzou o olhar com um par de olhos escuros e atentos, que estudavam cada movimento seu. Azriel mantinha uma certa distância, ficando sob o batente da porta. Levantou uma sobrancelha quando os olhares de ambos se encontraram, e só então Elain se deu conta de que segurava uma das mãos de Lucien, e que este, sentado ao seu lado, cobria a mão dela com a outra, formando um casulo quente e protetor. Respirando fundo, a fêmea decidiu que não se desculparia por isso; ao menos não para Azriel - falaria com Lucien mais tarde e se desculparia por usá-lo como muleta, porém, no momento, sentia-se incapaz de afastar-se dele.
A sala logo se encheu de um burburinho que fazia a cabeça de Elain latejar. Ela era alvejada de perguntas por todos os lados, e não sabia a quem responder primeiro, até que Rhysand entrou na sala, escuridão ondulando por trás dele. Todos ficaram em silêncio no mesmo instante. Até mesmo Amren, que Elain não fazia ideia do motivo de estar presente, empertigou-se em sua poltrona.
- Que bom que todos chegaram. - Rhysand aproximou-se de Feyre, mas não sem antes lançar um olhar para as mãos de Elain e Lucien, que permaneciam unidas. - Elain, pode repetir a profecia para nós, por gentileza?
Elain piscou e hesitou diante de todos os olhares atentos.
- E-eu não lembro de muita coisa. - Era verdade, apenas alguns flashes dançavam em sua memória agora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Flores Flamejantes
Fanfiction"Havia fogo por toda parte. E em meio a todo aquele fogo... Ele. Elain não conseguia se mover. Não conseguia gritar. Não conseguia avisar Lucien para que corresse, para que se salvasse. Ele morreria, ela sabia disso. Sentia em seus ossos. Sentia...